moun pòv nan pèp la


o choro de um homem branco
comove o mundo
inunda ladeiras
percorre os campos
atravessa fronteira
e vai além do céu e mar
e o choro de um homem negro
ecoa no fundo de sua alma
destrói seu orgulho
corrói sua aura
e não há ninguem pra escutar!
choros são iguais
perdidos em solidão
a cor da alma é sempre igual
pra quem tem, coração!
um velho de tranças brancas
e mãos suaves, em seu conclave
matinal,
ele encontra seus semelhantes,
vestindo trapos
andando errantes, com os errados
em uma rua a se deitar
eles choram seus absurdos
silêncios brandos
para quem passa
e que jamais,
irá escutar
enquanto isso
em suas belas casas, o povo dorme
em seu sonhar
pra não acordar nunca mais
vivendo um pseudo-sonho
uma realidade que nunca
haverá
e em suas vidas inuteis
se aprende a maltratar
pessoas que tinham um sonho
e jamais vão realizar
e que desafiam deus
e jesus cristo e satanás
sáo pessoas angustiadas
por um verdade quebrada
distorcida e alterada
sem parametros iguais
são também pais de familia
sem familia pra criar
pois deus em seu amor eterno
esqueceu de deles cuidar
são almas desanparadas
crianças estupradas
e pessoas sem saber rezar
e o diabo canta polca
dança e faz festa
brinca de seresta
no carnaval a festejar
e as pessoas desdotadas
de amor vivem a pensar
em seus cavalos galopantes
embrioes auto falantes
que esqueceram de sonhar
são pessoas como nós
que fazem o mundo acabar
são pessoa como nós
que deixam as coisas como estão
agem muito e pensam pouco
são simplesmente como são
vivem automatizadas
são facilmente controladas
pela televisão
e o choro do homem negro
transformou-se em desespero
e depois em solidão
solidão de todo um povo
que quase sempre foi tratado
com a mesma escravidão
e não há dor maior pra um homem
que a dor da solidão
solidão de um povo rico
que pra todos nós é pobre
e que vive numa prisão
solidão de um povo inteiro
que vive na agonia
da discriminação
solidão de um sertanejo
que corre atrás da boiada
e da chuva sem monção
solidão do mundo inteiro
que vive nessa tocada
de viver sem ambição
solidão de todos nós
que somos pobres coitados
e não acreditamos não!
solidão de um país pobre
de alma nobre
incandescente
com a aura ardente
um campeão
que foi castigado por deus
em sua humilde obcessão
um povo sobrevivente, forte e vencedor
um povo que luta com a vida
e aposta o corpo sem nenhum pudor!
um povo que acredita
e que confia
que viverá
um povo que por mais que sofra
tenho certeza
não desistirá!

minha humilde homenagem ao povo do haiti

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pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte