Devaneios de um apaixonado!


e aqui estou...

esse silêncio que corrói meus pensamentos
e hoje sou somente uma vaga lembrança do que deveras fui
hoje só me resta o silêncio, único desfruto que me deixaste depois que se fora
e em tributo a esse silêncio, deixei a fogueira acesa,
os lençóis intocados, a vida em severa comunhão com o passado
deixei tua imagem na mesa de centro, onde junto com o cheiro do café
me lembro do teu cheiro em meus braços
e o amor que nos foi arrancado, depois de tanta felicidade se tornou ódio
e eis que do meu passado, surge o seu futuro tão incerto quanto nosso presente...
engraçado como quando tudo se vai nos torna a lembrança saudosista dor que penetra
e prolifera na carne como sal em ferida
aqui estou.... cansado, morto mas ainda não sepultado
estou faminto e sedento de teu corpo e tua alma
mas ainda me guardo sem dizer uma palavra
somente pensando que tudo vai voltar
há de voltar, afinal é amor
tenho certeza de que foi amor, mas será ainda?
enfim... guardei comigo a certeza que antes eu tinha
e agora nem sei mais ao certo, guardei o cheiro de café de todas as manhãs
guardei os bilhetes e cartas que tenho certeza ainda guardas em seu coração
guardei teu olhar sincero e doador
guardei meu olhar corrupto que se rendia a você
guardei a felicidade em minhas mãos
e hoje estou aqui escrevendo poemas em sua homenagem
sem saber ao certo se tudo existiu,
sem saber seu nome, seu endereço
mas tendo a sensação de que tudo foi real
continuo sem dizer uma palavra
somente pensando em versos
as vezes não precisam palavras
somente os gestos de afeto
mas é tudo uma vaga lembrança
e o cheiro da manhã me lembra que já está na hora
de deixar de viver, e começar a "viver"
é hora de sair a procura de mais uma história de amor

Manhã de carnaval


toda aquela folia, aquela alegria

de um dia comum
tudo que era diferente, toda aquela gente
todos são só mais um
tudo que era feliz, tudo que eu sempre quis
liberdade libido
tudo que era alegre de repente era proibido
e tudo que antes era o início, agora era o início do fim
tudo que mais me importava agora não
significa mais nada para mim
são todas favas contadas
histórias malvadas
conversa de fadas
conto pra boi dormir
toda minha felicidade, virou raridade
uma poça d'agua em que me afoguei
na poça, estão todas as lembranças
todos os restos que eu deixei
na vida carrego nas costas
a imagens póstumas
das pessoas que eu deixei
na boca estão cravadas, todas as palavras
versos que recitei
e nessas palavras malditas, está toda a culpa
resultado das vezes em que praguejei
em minha face carrego as guerras, batalhas internas
que eu ja travei
todas as cicatrizes, feridas internas
localizadas onde só eu sei
antes o que era verão virou dia nublado
riscado manchado sem luz
aterrorizado
antes eu que amava o dia
caí em agonia
e prefiro a noite
antes ser um escravo branco
do que me rebelar e ir ao afoite
agora vivo em ironia
entre a flor e a saudade
é o começo do fim
meu túmulo clama pela minha vaidade
e tudo que era alegria
virou dor no final
todos que eu conheço ja foram um dia
ou irão amanhã em mais um dia igual
e toda essa agonia começou numa simples manhã de carnaval






Manual do poeta

é com um pesar imenso

e em meio a um devaneio
que escrevo essa carta
em formas de versos
sinto como se as horas durassem dias
e os dias fossem perpétuos
sinto como se mil centelhas de estrelas
flutuassem sobre minha cabeça
me fazendo de braços atados
escrever um manual de poetas:

amais sobre todas as coisas o amor
pois dele nascem desde o ódio à solidão
e é ele quem faz a alma
amor sem amar é tiroteio no escuro
é guerra sem sentido, é fim de mundo

adorais as mentiras e cultivais as verdades
dizei nas mentiras verdades e vice e versa
verdade constrói caráter, mentira constrói intelecto

e por fim chorais, chorais e sorris
como beija-flores no deserto à procura da flor
que brilha ao sol do meio dia
chorais quando o vento guiar-te para além de seu amor
sorris para cada resposta sincera, mesmo que mentirosa
alegre-se a cada dia de sol, pragueje sobre os dias de chuva
seja feliz, busque a felicidade, seja um doce amargo
seja um devaneio da vida

il primo passo nella risurrezione

se eu tivesse um espelho

seria como um álibi
uma doce sensação de não culpa
poderia passar por caminhos estreitos
subir montanhas e culpar as pessoas por crimes meus
se eu tivesse um espelho
seria como ser onipotente
ter um pacto com a ciência
estar acima da fé
se eu tivesse um espelho
eu seria o certo e o errado
a cura pra tudo
o amor desleal
se eu tivesse um espelho
procuraria palavras em almas
tocaria almas com palavras
e jamais seria culpado
com um espelho na mão se faz milagres
troca-se toda razão por um pouquinho de vaidade
torna-se mar o deserto
se eu tivesse um espelho
pra confrontar as pessoas
seus maiores medos seriam reais
seria genocídio, assassinato em série
seria cruel demais
se eu tivesse um espelho
que refletisse as pessoas, de verdade
provavelmente seria morto
ahhh jamais quero ter um espelho
mas se eu tivesse um espelho, o mundo seria mais fácil
imagina os amores desvendados
ou o brilho escondido dos olhares
toda a razão do pensamento
escondido em um breve momento
onde não há mais razão
tudo isso se eu tivesse um espelho

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte