Contemplação

Eu ouço o som da sua voz, meu anjo amigo
Eu entardeço no verão do seu olhar
Eu me esclareço nas versões do teu umbigo
Na tua saliva faço o sertão virar mar

Mordo com raiva a madrugada de domingo
Pois a segunda chega pra nos separar
Sussurro rios e flores no seu ouvido
Ouço trompetes cubanos pra te anunciar

Verdade dita é insolúvel seu rosto fino
Largo horizonte acompanha seu caminhar
És musa eterna deste seu pobre menino
Que cruza esquinas e ruas pra te acompanhar

Se chegas tarde já me mordo de ciúme
Do tempo que chegou primeiro pra te cortejar
Se vais por pouco já me morro de saudades
Meus olhos cegam de vontade de te olhar

Pois és a verdadeira musa de qualquer canção
E sol só raia com a luz curvada em sua direção

Não que tu não venhas cedo, te peço
Mas que tu não mais se vá , faz vista grossa pra vida e por favor  fique
Se enrola em meus lençóis e nada mais
O resto é do mundo, ele que complique
Meus olhos regam o jardim do teu quintal.

O silêncio dos condenados

Semeará teus olhos vãos então
Sob o vidro apático da contradição
Confissão da inveja do verão
Rendido refém do seu caminhar

Posto sobre os novos tons
Teus olhos de refrão, me refrescam
Começo, meio , fim e ponte
Linha do horizonte estreita na tua pupila perfeita
Que se endireita e desajeita por mero capricho do destino
Que dança como um menino seguindo o caminho
Que por puro respeito só existe se for do seu jeito

E o amanhã não será culpado
Quando a gente tiver assim preocupados
Cada um será herdeiro do destino que se tem cortejado
E o caminho apontará qualquer lado

Os deuses tramam calados
Te aconselho a escolher o melhor pecado
Somos nós sorrisos fartos, se esgueirando pelos lábios
Como frestas abertas esperando caminhos intercalados
Teus olhos de leão vão se satisfazer
Com a fome que me traz olhar você

E você não sabe? Que se aguça meu olfato quando és um fato
De tão perto do meu tato que eu já não me engano
E você não sabe? Melhor saber
Meus olhos de vilão vão sequestrar você
Quase por querer, sem nenhuma escolha por fazer
Melhor escolher

Endossa a liberdade ter teu corpo e minha vontade
Dividindo a mesma cama, selando as nossas contradições
Condições das confusões que quase como refrões se repetem
Porque todo disco tem dois lados
E as canções são nós dois em versos eternizados

E se o amanhã vai ser culpado
Que o presente não devolva o troco do passado
Pra que nossos corações continuem desavisados
De todos os nossos pecados.

Eu não sou de ferro e até o ferro pode enferrujar

A depender da lua toda estrela é secundária
O que nos norteia é o fogo que incendeia o céu
A claridade mata o escuro e a gente se vangloria da luz
Ao que depender do céu o mar é só um outro azul
No imenso azul do horizonte.

Se não houvessem estrelas, esses sonhos leves
Que vagam num espaço anacrônico
Flutuando inertes entre o tempo e o espaço
E tudo mais o que não nos interessa
O azul do céu e do mar
E o que nos importa é o que resta

Das parafernálias do destino, a ânsia da garota
E a timidez do menino, a gelidez do homem
E a transparência da mulher, o amor de quem ama
O desejo de quem quer, a idolatria do almejante
O medo de quem é, o silêncio sufocante, o que ouvir ninguém quer
O pulsar exuberante, o parar amedrontante, o pouco, o montante
O momento, o instante, as contradições que nos paralisam
São as que mantem vivas a vontade de andar...

Tem um barco vazio com nosso nome escrito
Esperando para flutuar num mar de incertezas
Tem um barco vazio com nosso nome escrito
Esperando para flutuar no horizonte
Tem um barco vazio com nosso nome escrito
Esperando pra se encher de dúvidas

E a gente sonhando em se aventurar no mar

Trato

Me dou ao luxo do exagero
De querer-te por inteiro
Bem mais do que posso ter
É que se me entrego ao não poder
A desesperança de lhe ter
Ilude meus afagos e o que me sobra
É o prático efeito do primeiro amor.

Não quero o dramático luar
Me envaidecendo a noite
Nem quero o amável sorriso sincero do silêncio
Me aquietando na madrugada insone
Enquanto eu me desfaleço sem ter o devido apreço
Da deusinha das manhãs caladas
Minha dama que não me pertence

Só espera amor,que eu mereço ser alguém a te amar
Eu vou te acostumar aos meus gracejos
Se você se incumbir de despedir minha solidão

A cama guarda

Não vale o trabalho fazer-te voltar
Se sei que já já te fareis partir
É o prático efeito querer-te aqui
É a amarga certeza deixá-la ir

Ai, a certeza é o que dói, amor
Melhor duvidar se te faço bem
Que crer cegamente que te faço chorar
Melhor duvidar que um dia eu te tive
Que acreditar com razão que irei te perder

Não vale o trabalho consolar teu choro
Se sei que outro dia serei a razão do seu chorar
Não me dou ao trabalho de pedir-te em namoro
Quando bem sei que amanhã irei te abandonar

Não me responsabilizo pelo direito
Pelo grito no peito, pela ausência ou presença da dor
Não sou razão certa ou mesmo errada
Meu bem já não sei mais de nada
Em meu peito eu cravei " aqui jaz o amor"

Ai, meu bem, as vontades do mundo me enchem de medo
A solidão teima em guardar meus segredos
E o amor é uma faca que não sabe cortar...


Poema do anjo ruivo

Não me encontro mais
Em nenhum recital ouvido
Em nenhum sentimento sentido
Sequer em ressentimentos sofridos
Ando falido...

Como se parte tivesse ido
Um órgão vital arrancado
Algo importante esquecido
Sentimento forte, sumido...
Como se eu já tivesse cometido
Todos os pecados

E por mais que eu me perca nas horas
Na eterna demora
Da pronuncia de cada sílaba do teu nome
Tudo some
Pois nada importa
Só fico o medo da importância que eu te dou

Temo o tempo,
Ao invés de proporcionar a cura
Só amarga e tortura
Estraçalha e perdura
Essa angustia em meu coração

Coração que é perdido e desabrigado
Famigerado faminto por sentimento
Flagelado coração, refém do momento
Em que tuas mãos eram norte e sul
E teus olhos ventos

Mas esse é o problema de ser só metade
A angustia de procurar ter por completo
A me jurada felicidade.

Quando eu penso em você me abstraio

Tratemos de refazer o nó
A junção de duas pontas cegas
Enquanto o presente ainda lamenta
O doce fim do passado,
É melhor que ele não supere...

É melhor que essa dor latente
Te faça presente de algum modo
Do que esquecer-te de vez...

Antes que eu me cegue ao que foi, sejamos
Antes que eu me encarregue , negue ao presente
O troco da nossa solidão.

Pois teu olhar é o abrigo , o perigo
O mistério,corrompendo-me aos poucos ao pecado
Que não mora ao lado pois esse tem o endereço teu

E não perca de vista a sede da minha saliva
Viva com ardor, sem pudor , sem o tédio dos dias sem amor

Então não há mais passado,é errado eu sei, mas e daí?
Quem estava lá quando eu vivi o que só o meu saber pode entender
Enquanto eu me tremia nervosa, sentindo tua respiração no meu pescoço
Me roendo o osso e coisa e tal...Sensacional!
Então refaça o nó que tu é a ponta que falta
Aponta na minha direção, me leva em teu colo, em tua pele marcada
Mas não esqueça nada, porque não voltaremos pra buscar

E que a felicidade seja eterna
Ou que pelo menos dure o tempo que eu mereço vê-la durar

Títulos não fazem promessas

Contemplo o universo mudo
Que retêm as palavras em favor das idéias
E despenca ondas de ideais no mar
Vertiginosamente a morte afronta a vida
E o confronto é este estágio letargio
Ao qual nos apresentamos

Pois se quero ser forte de certo a fraqueza em mim impera
E é do confronto que faz-se todo o movimento
Se quero ser livre me aprisiono na possibilidade
E é desse confronto que faz-sem as fronteiras
Pois se quero de certo não posso tê-lo
Mas se tenho o que quero isso até pode me fazer feliz
E o preço de se ter aquilo que se quer
É se contentar em ter aquilo que um dia se quis

Se confronto o tempo porém,
É dele o desprazer de envelhecer-me
Pois de certo das rugas do tempo
Muito mais que as respostas,a dúvida e a solução
Com o passar das horas, tudo que do tempo resta
É a solidão

Já era de alguém falar mal do amor.

Honestos...Teus dedos tímidos
Por de trás de teus cabelos plácidos
Se escondem como a letra H da palavra hoje
Por mero capricho da beleza, a cereja do bolo
Teus gestos sinceros, quase como quem tem vergonha
Do sorriso que carrega pra teimar com o mundo
Um olhar que domina, contraste quase perfeito
Entre a fragilidade da pena e a grosseria de bater as asas pra voar
Talvez por mera coincidência a luz parece sempre curvada
Pra fazer o ângulo certo na tua silhueta e então se perder por aí
Na harmonia quase metódica do teu queixo, eixo de inspiração
Há algo impossível de descobrir, retratar, até que se revele
O mistério indefinível de descobrir a tua pele
Como um anjo a procura de um pecado pra punir
Eu me encontro a procura de te perder por aí
E aí já é tarde, meu coração possessivo
Te chama de minha, quer morar no seu umbigo
Mas eu duvido da chama que não arde
E dos poemas que não sabem rimar
Eu duvido da arte e do jogo
E de todo coração que aprendeu a amar
Eu duvido de verdade da honestidade
Dos teus dedos sinceros a procura de um par.

Jazz

Não há refinaria

Com tanta qualidade
Como quando eu te refiz
Sem mais finalidade
Só meu bel prazer

Não há raiar do dia
Com tanta vontade
Com a ferocidade 
Desses olhos teus

Não há leão faminto
Com tanta fome
Quanto tenho pelo seu nome
Por te pronunciar

Não há catedrais com tanta pressa
Quanto a que tenho esta
De te anunciar

É que eu sou calmaria, rotina dos dias
O avanço da maré
E você é embaraço, pernas de bailarina a se embaralhar
Você é a vontade
Desesperada
Que eu tenho em sua boca
E no que mais te há

Teu corpo é uma rara descoberta
Coberta de você em ti muito de si mesma há
E eu fico aqui desesperado
Procurando a falta de um pedaço
Pra poder me encaixar
Vê se te quebra, mas não se despedaça
Que por pura trapaça, com o que me sobra
Vou te remontar

Almoço de terça a tarde

Não sobra muito...
Entre o atrito e o contato
Quase não há espaço pra se analisar
A melhor escolha, a hora certa de tentar
Deixa assim ao acaso
Que até o atraso às vezes faz bem.
Me diz o que o relógio diz do tempo?
Ele só dá a medida do que não se pode calcular
Infinitamente, sou muito contente em não poder contar
A duração de dois lábios apaixonadamente pondo-se a beijar
Ou mesmo o fino trato do nascer da lua do outro lado da rua
Desafiando o ar.
O tempo é  uma lenda que corre
Personagem de folclore no mundo real
Ou será somente, mais um ser descontente
Por cada vez menos gente lhe prestar atenção
É que quando a vida lhe faz contente
O tempo de uma vida cabe em uma só mão.

Inexata

Lá se vai o tempo...
Passando como quem não quer nada
Lá se vai o tempo, manso e fera
Calmo e sorrateiro tempo.
Lá se vai o tempo levando consigo
Tudo o que se deixa levar.

E pra vocês eu deixo a rosa carcomida
A flor ferida
A flor repartida
A rosa querida
O girassol oscilante
A flor de antes
A rosa partida
A flor doída
A rosa das idas
A rosa fodida
Desiludida flor
Da solidão

Atrasada !

Há um mal entendido, mal resolvido
Em meu coração
Há uma porta entre aberta
Uma dor operante
Uma dissolução
Quando foi que eu te dei permissão
De tirar de mim a razão,
Onde estava você, quando eu quis saber
Quantos pratos pôr na mesa
Você chegou bem na hora do jantar
Quase tarde demais pra consertar
Qualquer ofensa
E a tua recompensa foi me tirar da mesa
E me deixar vendo televisão sozinho
Mas tudo bem, ninguém estava errado
A paixão é uma tragédia sem culpados
E por isso não tem solução.

Notas de rodapé !


Vi-a sem aviso prévio
Devorei-te com meus olhos mudos
Que não podem gritar por ti
Nem sequer dizer seu nome
Meus olhos mudos emasculados
Incapazes de lhe dar prazer,
Tesão ou ternura
Meus olhos mudos e emasculados
Agora cansados de te perseguir
Meus olhos mudos, emasculados e cansados
Insaciáveis de vontade de ti
Meus olhos mudos, insaciáveis, emasculados e cansados
Andam tristes por te ver partir
Olhos mudos, emasculados, insaciáveis, cansados e tristes
Se mudaram de mim, são seus noivos eternos
Presente sincero, de um amante vulgar.

O encontro das águas

O amor não é fase
É catarse
É pele , boca, água e sal
É sangue e suor, é frio e calor
E muito mais

É como um oceano
Que leva embora
Tudo o que mais tarde de novo trás.

Nossa bossa

Meu bem, onde você deixou nosso amor?
Que eu só achei a metade largada por aí
Me diz onde você largou a calmaria
Que eu já cansei de fechar a janela por causa dessa chuva
Que não quer passar


Pra quê guardar um coração despedaçado
Num peito doente que só quer carinho
E um outro par pra ajudar a curar
Essa ressaca de amor
As vezes é melhor nem lembrar
Prefiro

Veja você, a gente jurou dar um nó
E hoje somos duas pontas
Dói, mas eu troco afagos com a dor
Que aprendeu a me amar como sou
Um eterno sozinho.

Pois é, mas lembra de mim , tá
Como quem lembra de alguma manhã
Que eu carrego uma febre terçã
De lembrança do teu calor.

Cola

Teu colo sincero com gosto de ti
Tão bela , tão linda, que as coisas mais belas
ficam sempre mais lindas na tua retina
Na tua rotina tão fascinante
De dias iguais sobrepondo-se

Eu me apego ao teu cheiro
Faço casa no teu ombro cheiroso
Faço da tua pele minha roupa favorita
Nem adianta ir embora
Meus olhos são teus noivos eternos
Como um cão fiel ao seu dono
Vai, mas já levou de mim uma parte
Então nem querendo de mim
Você vai se distanciar

Ces"t la vie !

Diz com gosto que eu sou sua menina
Com tuas manhas e voz de carinho
Me machuca ver teu olhar sozinho
Assim tão longe do meu

São só grãos de areia lá longe
Mesmo assim eles podem cegar
Moço,de cara levada
Me chama de sua e por nada
Por nada vá me abandonar

Que eu sou refém das tuas costas
Do teu abraço
Do laço que cê jogou em volta de mim
Meus olhos só, do meu corpo tão seu

Menino, eu sou sua escolha
Mesmo que não essa hora
Pare o relógio, mas não se atrase
Se quiser eu te ensino de novo
O caminho pra casa

Me guarda no bolso
Só mais um pouco
Mais um abraço
Quero sentir os teus braços
Me despedaçando aos poucos
Roubaram teu cheiro de mim
E eu fiquei assim sozinha

Mas deixa pra lá que eu tô até aqui de solidão
E solidão uma hora é demais
Rezo pra chuva acalmar meu coração
Mas nem o vento forte te trás mais de volta

E a promessa que a gente não fez de não sair do edredom
De dividir o cobertor
E cultuar nossa preguiça

Ah mungo enganador
Talvez seja só mais um erro meu
De acreditar nas promessas
Que ninguém prometeu.

Desconheço

Pra dizer a verdade eu não entendo nada do amor
Não consigo gostar do que dói
Nem odiar a sensação de acordar numa quarta
Com o clima chuvoso, com as nuvens escuras
E manter um sorriso na cara
Onde qualquer pessoa que mal me conhece
Podia ler seu nome escrito nos traços do meu rosto.

Como entender o que machuca por opção
E não deixa opção de se sair do jogo
Como um menu mal feito de um jogo sem vencedores
Ou pelo menos em que não se vence sozinho.
É uma curva estreita, um passo arrojado
Uma cama bem feita, dois corpos deitados
É um disco bom ou um livro chato
Uma refeição, sorrisos no quarto

Pra longe os intelectuais do sentimento
Aqueles que teorizam seus olhos
E fazem comparações com safiras e esmeraldas
Que não entendem a dor da falta
Nem conseguem captar a beleza do seu queixo
Pra longe quem diz que entende o amor
Que sabe das coisas que ninguém ousa saber
O amor é uma guerra, santa, morna, fria, quente
Que em honra a você eu não ouso vencer.

Braços de linha

Lembra que eu pedi
O teu sorriso emoldurado na parede
O teu nariz arquitetado 
Traços de Niemeyer esculpido a luz do sol
Se você vier

Vou te enfeitar com a chuva
Teu corpo mais que um planeta
Me faz orbitar sobre o seu umbigo
Centro de gravidade.
Antes o abraço que o perigo
De perder a própria liberdade
Vamos andar na corda bamba
Acreditar na história
De amores impossíveis
Culpa a realidade
Que a vida é desleal com os sonhos
E daí?
Me deixa sonhar contigo
Lubrificar o teu ouvido
Com versos sem rima
Sobre a cor do seu cabelo
E sua cara ao acordar
Beijos, meu bem
Ainda te levo em 3x4 no meu bolso
Oi amor,te amo tanto
E o que é que tem a vida
Se ela for vivida a dois?

Poema em preto e branco

Não se fazem mais promessas como antigamente
Daquelas que mesmo sem sentido
Fazem quem é prometido ter certeza ao acreditar.
Daquelas que iludem com clareza
Como dois olhares apaixonados
Prometendo um dia serem par.
Como braços que prometem ao céu
Uma visita um dia quem sabe
Sabendo que jamais irão cumprir
Promessas impossíveis, promessas improváveis
Promessas de rotina, promessas de bares
Promessas de retina,promessas mudas
Amores pruma vida, escolhas surdas
Que não escutam o reclamar de seus resultados.
Ninguém promete mais ao rio o encontro com o mar
Ninguém promete mais aos peixes poder voar.
Ninguém mais promete aos sonhos a realidade
Ninguém promete às promessas a força de vontade
Ninguém promete as mentiras o reflexo da verdade
Ninguém promete ao frio o arder incandescente
Não se promete contentamento a quem vive descontente.
Não se fazem mais promessas como antigamente.

Fluxo perfeito.

Então você tem um coração
Um músculo por definição
Quase nada,na verdade nada isso diz

Você tem um coração que bate, 

E com ele você vê o mundo,
Alguns mentirosos creditam isso aos olhos
Mas estes são porta de saída...Espelhos da alma

Então seu coração bate forte, foda-se o mundo
Você tem uma metade, uma cerca branca e o felizes para sempre
Dois filhos, uma casinha no suburbio, jantares de domingo
A mesma comida caseira, o mesmo sorriso, anos e anos

E então você acorda
E tudo se foi,
E então você tem um coração.De novo.

Carta em preto e branco

Nem tenho tanto assim a dizer do céu

Essas estrelas quebradas
Perdidas como um olhar a procura do par

Desse céu tímido tenho pouco a ponderar
Nuvens loucas dançando ao acaso
Cegas de amor pelo horizonte

Desse sol raro não tenho nada a comentar
Balões perdidos meio esquecidos
Entre a cor e a atmosfera

Não tenho muito a falar dessas pipas
Que brigam com as asas pra tocar o céu
E depois com os pés pra descansar no chão

Gastei todas as minhas palavras
Escrevendo versos honestos sobre seus olhos
Com sabor de declaração.

Horizonte transverso

Tuas fronteiras efêmeras
Jogo de palavras nos lençóis
Tu finge acreditar em tudo
Eu finjo que acredito em nós

E então tua mente de menina
Te fascina com promessas vãs
Sem mais delongas, troca o despudor da cama
Pelo matrimônio dos divãs

E se deita com teu amado,
Carregando sonhos infantis
E eu te carrega nos ombros
Prometendo te fazer feliz

E então tu flui ao sabor do tempo
Tal qual oceano efervescente
E fascina meus olhos nus
A mar é a gente

A história de um dom Juan

Tal qual poema assim distante
Tive que ler nas entrelinhas, das tênues linhas
De definição do seu rosto
Êxtase com gosto de batom desconstruído
Pelos mil versos livres
Que eu fiz questão de prender ao seu ouvido
Como poesia
O bar era teu dono aquele dia
E eu temia, não ser capaz de lhe entreter
Tal qual monotonia, seus olhos ansiavam novidade
Quase que ironia, era minha dona na verdade
E eu só senhor de tuas vontades, te requeria
E repreendia o teu cangote minha mira
Enquanto eu te beijava a gente fazia poesia
Melodia, sinfonia, a flor do dia, a beleza da sintonia
E eu te achava em cada traço, em cada parte do meu braço
E recriminávamos o sol que já nascia
E dava fim a poesia, como um ponto final.

De madrugada

Eu já me cansei da tristeza

E venho em tom alto nesta mesa proclamar
Que a noite agora é minha amada
E que todas minhas mágoas hei de afogar
Na chuva de lábios serenos
Embaixo deste céu negro em que estou a habitar
Pode ficar a noite com suas estrelas
Amores passageiros que no fim da madrugada hão de passar
Hoje eu só quero um sorriso, este sim amor eterno, que há de durar.

Namorada.

Não te iludas com teu terno passado

Tens no bolso o recado
O último que te deixei
Pois não posso mais ser passado
E tu só o retrato do homem que amei
Se me fosse honesto, ainda haveria
Quem sabe um dia, retorno meu
Mas se foi não muito mais que de repente
O homem cortês a quem amei.

E se lhe fiz vítima de meus anseios
Sem mais floreios, vinha até mim me contar
Que se cansaste dos meus afagos
E que em outros braços
Agora queres repousar

Mas nem mesmo esse último carinho
E foste mesmo sozinho a boemia do bar
E se perdeu em outras damas
Meretrizes da cama pôs-se a provar
E ofendeu na tua volta, com teu cheiro de outras
O nosso um dia dito lar.

Então adeus você, homem do passado
Que eu na morada do acaso
Hoje eu vou em passos largos por-me a dançar.

O rebaixamento de plutão

Meu coração de pedra

Mármore escupido
Escoltado pelo cupido
Pra um mausoléu qualquer

Quando eu era de prata
Bala num calibre trinta e oito
Apontado pro coração de uma mulher

Enquanto eu era de ferro
E me via enferrujando
Sobre o chão sob os seus pés

Eu era um livro aberto
Te implorando pra me ler
Eu era tanta coisa
Não sei quanto a você
Mas seu, eu nunca mais volto a ser.

Habita

Se há felicidade?

Nas coisas pequenas 
Que só se enxergam a olho nu
Nos sorrisos que não vêm disfarçados
Os ditos crus.
Se há felicidade?
Embaixo dos céus azuis.

Eutanásia

Certa vez eu quis ser romântico
E com prazer ser refém de uma dor em meu coração
Eu queria deixar abertas todas as feridas
Pra deixar a dor eternamente em exposição
E viver da dor, compactuar com a dor
E manter a ingênua sensação de felicidade

Conheci alguns românticos nessa vida
Em outras vidas, deveria haver muito mais
São pessoas geralmente felizes 
Que não se cansam de sofrer

Carregam contentes em seus peitos tumores
Que torturam, machucam,sangram 
E sequer tem a decência de matar
Pra esses tipos, acostumados com a cruz
Pregando seus braços e pernas
O pior castigo pra um amante
É ser condenado a vida eterna...



E viver eternamente da única dor que vale a pena
Passar e eternidade entre os porres e os poemas
Se deliciarem de seu sangue derramado
Sem ao menos poder de fato dizer que isso é errado

Todos os mandamentos, não importa se de Deus ou do Diabo
Como podem negar ao amante o pecado

E fazer disso uma lisonja ao amante
Ser descontente com o próprio querer
Por isso há tão poucos românticos vivos
Pois os que o são, não mais querem ser.

Fluxos descontínuos de um coração que rema manso

Enquanto insinuas com tuas ondas brandas
Promessas surgidas de palavras tantas
Que põem a formar um poema qualquer
E eu me perco nas ondas a procura de casa
Abrigo do mundo, profundo lar de contemplações

De repente eu me vejo perdido
Buscando um porto em águas profundas
Sou só eu contra o mundo
E pra mim já basta nadar contra a maré
Que é pra parar no lugar
Quem é que liga pro fluxo
Quando é tudo fruto da exatidão, eu quero é complicar !

Me deixa fluir,que eu só quero brincar de ser rei
Por minutos fingir que eu sei, exatamente o que eu sou
Me deixa mentir, dizer que tudo é igual no plural
Você e eu afinal, vamos um dia ser só nós
E então, água e sal em teus lábios,
Os sete mares na tua língua,

E então pouso no repouso,
Tal qual mariposa pousa no ar
E para como quem paira no tempo
Que é pra eternizar o momento
Em que nadei contra a correntes
Dos choros dos descontentes com o amor
Mas quem voa mesmo que depois caia
Desconhece o sabor de morrer na praia

Começos quadrados

Me sustenta

Varal de estrelas

Sarau de constantes horas

Par do espaço

Lavrador de sonhos

Recolhedor de impostos

Cobrador das dívidas terrenas

Dono de todos os relógios

Quando estou só envelheço

Acompanhado disfarço

Frustrado por te ver fugindo cada vez mais rápido

Meu velho amigo que me acompanha

Tal qual minha sombra, lado a lado

Mas mesmo no escuro não me deixa só

Tempo...Tempo...Tempo

Tu que passas lento

Me prende ao momento

E então me contento com o agora

Que é toda a hora que eu tenho pra gastar...

Diante dos ossos

Descansa coração aplumado

Acostumado com as tais coisas da vida

Inocente caçador de paixões, devorador de choros

Rival da razão, tu que vive em meu peito

No frio se assanha e desanda a procurar carinho

Em braços que depois te maltratam

De repente tu que tanto fez por mim

Me machuca e ponho a declarar-te infiel

Pois hoje o dia pôs-se a por si próprio me dar alegria

Então te retira por um dia

E vive tuas coisas de natural amante

Não que tu seja errante, ou qualquer coisa assim

Só não sei mais se te quero pra mim

E duvido até mesmo se um dia te quis

Ponho a questionar-me das noites que graças a ti

Escrevi em meu quarto, canções que ninguém nunca há de ouvir

Tu que delira de amor por engano, massacra meus planos

E depois te recolhe em choros e prantos

Coração mimado, refém do pecado do amor

Sem queixas te declara culpado, por pura vontade

Mas no fundo não me conheces metade do que eu conheço você

Coração delicado, eterno apaixonado pelo meu sofrer...

Paridade de dois...

Talvez se eu fosse par...
Ver a dois o sol brilhar na mesma praia
Pegadas de quatro pés
E então não ter mais medo de caminhar
Sozinho

Mas quem sabe dessas coisas de nós dois?
Meu bem, me diz qual o caminho que eu pego um atalho
E quem sabe te descubro pelo avesso
Me dá teu endereço que eu vou te ligar mais tarde..
Quem sabe a gente possa ser o tal casal feliz?

E então meu bem,na janta ou no almoço
Devoro o teu pescoço tua voz eu ouço como um disco bom
Meu amor te dou mais uma vez meu coração
Faça o que quiser é teu então..

Não há mais,sem mais porquês e nem razões
Eu ando por aí em algum canto,eu nem sei mais
Sou só migalha então, na boca de um passarinho
Mas vou te alimentar no ninho e assim serei teu par...

Me queima com teu fogo, fogueira
Me doma com tuas rédias , freia
Me canta uma canção qualquer
Que eu vou dizer como é viver
Só pra amar uma mulher...

Boas vindas

Negros botões, par de seus olhos


Porta de entrada prum corpo claro


Laranja tua franja, amarelo claro


Ou outra cor entre a tangerina e o sol


Teu rosto sereno, explícito rito


De passagem aos braços

Cor de cristal

Teu cangote lírico

Verso branco e livre

Perfeita poesia

Me abriga como cobertor

Nas noites frias

E os átomos todos livres sem vida

Orbitam como eu em torno do teu umbigo

Dançam sem cor como tudo em torno de ti

Meu desejo raro ímpar impulso

Tua boca cor de romã

Teus passos na porta

Tentando chegar

E a lua do alto comigo fez pacto

Pra brilhar mais forte tal qual holofote

Focando seus traços pra te recepcionar...

D" ISA Belle

Vagas com tua pele rara



Aurora clara

Recitando palavras

Com teus lábios,cristal, avental de sóis



Põe-se a repousar tal santa

Com tua garganta e todo o resto espetáculo

Circo, teatro, arte em tua retina

Dona da minha rotina, quase musa

As vezes ninfa,quase rosa, bromélia, flor sem nome



Bela, insaciável donzela, devoradora de calma


Com passos invisíveis, ladra de almas

Lado a lado, sorriso assim indecifrável

Hieroglifo em teu semblante,

Senhora de qualquer instante,



Moça, desabrochada flor à flor da pele

Poesia, teus traços a qual nem de longe se repele

Beleza profetizada pelo nome ao qual se refere


Tão evento é te olhar que peço que até pra ver-te o espelho espere...

Relógios parados..

Aqui há tanto de não e de sim.
Logo aqui que há tanto de tudo
E tão pouco de mim
E eu fico assim
Indignado com a duração das horas
Que vem, se alimentam de mim e vão embora
Quanto dura a lua, quanto dura tudo mais que há de durar
Ora...não quero saber dos astros, me diz quanto dura o seu olhar
Verde-raro quase assim de plenitude
Me diz quanto dura teu querer
Me diz quanto dura tua virtude
Que tudo há de passar eu sei, mas quem sabe quanto durará
Se tudo ha de ir embora não sei, mas me diz quando vou te ver voltar
Eu nunca quis saber do mundo, nem dessas coisas que duram
Quero saber do teu amor e gosto, que suas durações não sumam...

Lenda.

Deixa o sol brincar de ser
Um só e mesmo assim brilhar
Que eu sigo aqui cansado de andar na contramão

Deixa estar, meu bem
Que eu vou sentir o gosto do amanhã
Mesmo sem querer, eu vi a flecha me acertar não por amor
Mas por prazer

E então vamos sonhar, com passos largos caminhar
Sob o mesmo céu, e o mesmo pedaço de chão
Deixa as flechas mortas acertarem o coração
Que por amor ou por prazer, por sorte ou compaixão
Continua batendo...

E tudo bem, o amanhã vai florescer
Em um jardim qualquer,
Reza a lenda, que ela foi feliz
E mesmo assim trocou o seu sorriso
Por um coração calejado

Cansada de desilusão
Escolheu entre o acaso de um sorriso bom
A esperança de quem sabe dessa vez
Viver um caso de amor com seu coração.

Sorriso pra ninguém ver

Já ta tão longe assim amor?
Me diz ao menos do que ficou
Preu guardar de lembrança...

Já ta tão distante assim, meu bem
Teu gosto do meu paladar
Ainda tem seu lugar, na minha cama...

Já faz tanto tempo assim, meu bem?
Eu já nem lembro tanto...Que teu lugar pra outras dei
Mas no entanto, é teu...

Mas se você quiser abrir a porta
Ainda guardo a tua foto atrás do espelho
Ainda guardo sua marca em minhas costas...

Mas se você quiser não ir,
Eu te desejo boa sorte ao voltar
Vai ser difícil eu sei, te acostumar a me amar
De novo...

Mas não demora muito, que o café tá quase pronto
Eu coloquei teu prato a mesa, preu ser sozinho só um pouco
Ainda vivo da lembrança que eu moldei do teu sorriso
Desculpa...

Não faço questão que apareças no jantar
Sei que tua casa ja é em outro lar
Mas deixe ao menos o endereço
Caso um dia eu resolva te visitar
Pra te dizer...Bom dia, como vai você...

Dar pé

Ainda não achei as respostas
Que me fizeram procurar na lona
Quando o beijei o chão disseram que foi por amor
Chamaram de declaração
Mas se o amor é maior que o céu
É bem menor que a convicção
Mudei tuas idéias de lugar
Pra dar lugar a mais de mim na sala
Que eu pintei da minha cor favorita
Pra me lembrar de viver a vida
Do jeito que é pra ser vivida
Do jeito que eu não sei qual é

Então eu procurei as respostas
Que a vida devia ter entregue em minha porta
Sei lá porque, talvez por comodidade
Me perdi na vontade de ver o tempo passar
E na contagem do relógio eu vi a terra rodar
E eu fiquei com o mesmo gosto de desilusão
Vai ver é só a vontade de ser feliz sem saber como
Mas vá...Quem é que pode me ensinar a sonhar?
Sou só um homem com o coração na mão
Entregue a vaga ideia de manter-me louco e são

Na minha sala vejo teu sol meio entreposto na cortina
Que é só o desapego ao qual tentei adequar-me
Vejo teus olhos batendo a minha porta
Que bobagem exitar em abrir
Tu mesmo longe , sabes bem
Sempre esteve aqui
Entre e vamos dividir o café
Ouvir um disco bom
Vem que o mundo é nosso
Vamos nos afogar em lábios
Até deixar de dar pé.

Após o terceiro impacto

Nas manchetes dos jornais mais importantes

No dia-a-dia nos momentos cruciais
Palavras soltas em latas de refrigerante
São como filosofias de mesa de bar

Nas mãos da coca-cola, qualquer coisa é propaganda
Qualquer coisa se propaga pela fé sem ideais
Qualquer sorriso é propaganda de pasta de dentes
Anunciada pelo espelho de pessoas normais

Beber água é um aviso pras grandes corporações
É como controlar o compasso de apaixonados corações
A vida é curta demais pra ver o sol pela tela de um computador
Na visão dos distraídos o mais atento é o vencedor

Mas na visão do relógio todos os dias são iguais
De minutos em minutos por segundos desleais
Na visão de uma vida há momentos cruciais
Na visão do pensamento todos os sonhos são reais

Mas o silêncio tem a força que precisa a opressão
A maioria desconhece a força da expressão
É que falar é complicado pra quem nunca entendeu
O que acontece antes do segundo em que tudo aconteceu

Mas lá fora nem tá tão frio e o mundo inteiro congelou
E eu nunca quis acreditar em corações na promoção
Nem em silêncios necessários nem falha de conexão
Mas pelo visto acreditar é uma moda que não colou....


Retrato pra dois

Cadê, me diz quem é maior que o coração de dois
Nem dom quixote e seus dragões de moinho de vento
Pra testemunhar o sentimento basta estar lá e se deixar levar
Por uma conversa boa e então tudo bem
Mas me diz quem é maior que as causas de dois
Me diz quem sabe amar sozinho

Se for pra ser refém do tempo, me leve em paz
No calor dos relógios, pra ver se o tempo passa devagar
Se for pra me aprisionar,melhor nem tentar
Que a liberdade me faz bem, os ventos no cabelo
São minha paz, e o que é que o rio tem de mais?
Flui por aí sem saber das coisas do destino
E dos motivos da razão
Eu já cansei de procurar sentido
Foi quando eu te disse que o mundo não ia durar

E toda vez que o mundo acaba, amanhece melhor
É que é preciso pensar na arte do refresco
E refazer é tão lindo quanto criar
Olha o céu e o mar, pra ti não são nada mais
Que dois pontos horizontais parados
Mas do ponto de vista de um, é só o infinito
Cantando uma canção assobiada pelo vento
É difícil se acostumar com o momento

É que ele passa, mas deixa se levar pela sorte
Que eu fico aqui tentando adivinhar o quanto eu posso sonhar
Se for mais que o real então valeu a pena tudo isso
Brincar de fingir que o mundo é bom até ele acreditar em mim

Pelada na esquina

Deixa o mundo pra lá
É tudo igual no final, tudo acaba em fim
Onde estão os caras que escreviam poemas
E doavam seus corações a belas donzelas?
Onde estão os caras que sonhavam com o impossível
Até se tornar realidade banal
Onde estão as pessoas do "bom dia"
Os sorrisos sem ironia
As convicções do dia-a-dia?
Eu só quis brincar de inventar o mundo
Mas deixa pra lá, há sempre um outro dia
Pra gente respirar de novo
Tudo bem,quem se importa com os edifícios
É difícil de se entender
Quem se importa com os jornais
Com as idéias geniais
Com os átomos novos
Buracos negros
E essas coisas com nomes difíceis
Onde estão os chatos de coração na mão
Cantando uma canção dedilhada em violão
Onde estão os cabelos voando
As confissões em cama a dois
As banalidades do sorriso
Eu nunca quis brincar de inventar o mundo
Mas se for pra ser por nós que seja bem assim
Inventar o futuro nas palavras, achar os que se foram
Mas taí os dias não me deixam mentir
Tem sempre um após o outro
E outro ainda por vir
Ninguém é obrigado a estar aqui
Tudo bem , eu só quero brincar de inventar meu mundo
E aguardar sem pressa até o dia amanhecer...

Bom proveito

É estranho acordar assim....
Sabendo...Que a razão está distante
Todo dia o sol aparece, tem dias que ele é mais forte
Tem dias que ele faz sentido
Todas as horas o relógio conta, mas tem umas que ele deixa passar
São as que não importa
É nessas horas que eu penso em você...
Quando nada mais importa
Como será que seria se não fosse do jeito que foi?
Então o relógio continua contando o tempo
Nem vejo quanto tempo faz...
O que sobrou? O que sobrou de nós?
De mim provavelmente nada...Talvez um nome...
Na tua folha de caderno...
Talvez...Meu telefone anotado em tua agenda
Talvez uma recordação boa ou ruim...
De ti...De ti sobrou a pressa de ir embora quando tudo acabou
Como quem quer recuperar a vida, curar o atraso, curar a ferida
De ti sobrou o desgosto...Sobrou...Sobrou a fome que eu ainda tenho
De sentir teu gosto
De ti...De ti sobrou você por inteira mesmo que indo embora
Sobrou as horas que eu dedico a pensar em ti e do que sobrou de ti
De ti sobrou o silêncio que guardo como uma palavra forte
Daquelas que só se recita num poema bonito
Mas o sol nasce todo dia não é mesmo?
Com ou sem você...
Mas nos dias em que ele nasceu com você do meu lado
Haviam sentidos e cheiros pr'eu ignorar o mundo
Parece que brilha mais, parece que brilha de verdade
Parece ter sentido, razão...
A lua aparece toda noite, e daí
Quem se importa com a lua?
Quando é que a lua fez sentido? ou o sol? ou o amor? ou você? ou eu?
Acho que somos duas paralelas
Marcas de pneus na estrada que nunca levou a lugar algum
Mas é sempre bom curtir a viagem!

Liberdade....

Timidamente os guardanapos nos teus lábios
São retratos da infelicidade em mim
Eles te atiçam, como queria eu atiçar-te
E o toque deles parece não ter fim
Como fim teve o fim de nós dois
Dois monstros, feras insaciáveis separados por nós mesmos
Então me ponho a perguntar se tal como os guardanapos
Não teria eu fim em mais uma refeição juntos?
Ou seríamos somente fantasmas, ou seríamos somente nós dois?
E o que há de ser um sonho senão uma realidade escondida?
E o que é o real senão um sonho vivido lentamente
Até abstrair-se em vontade e ressentimento
Não, não há som nem razão nas estrelas
Não há razão em querer-te, não há razão em mais nada
Mas há um lado bom em tudo isso...
Sonhar que existe um lado bom...
Se não existir....Adeus...
Lembre-se de bater quando voltar, se voltar
Eu prometo não estar muito ocupado e te receber de braços abertos
Se esses ainda quiserem se abrir
Guardei o guardanapo que tocou seus lábios
E é dele a última recordação que tenho de ti...

Desalento...

Hoje acordei feliz pela primeira vez
Por não te amar
Tantos , nossos encontros,
Em desencontros põe-se a acabar
Às remessas, tantas falsas promessas
Palavras soltas, sem intenção de se concretizar
Hoje , acordei feliz, sem ter-te ao meu lado a me consolar
Teus braços em tantos abraços, nessa nossa cama
Pôs-se a me aconchegar
Teus olhos meu holofote, o cheiro do teu cangote
A me aconselhar
Teu corpo, objeto sacro, o teu gosto raro
A me embalar
Hoje acordei feliz,sem ter ninguém para conversar
Ouvindo o vento ao meu lado, assobiando solidão
Pra me assombrar
E o preço de viver sem medo
De perder a quem se acostumou a amar
É ter ao seu lado somente a si mesmo
E viver com o gosto amargo de um cigarro
Mal tragado a te adoentar
É quando está doente, acordar sem gente
Pra te acalentar
Hoje acordei sozinho, feliz nem um pouco
Por te perder
Encantos, diga pra que cantos
Devo ir agora procurar você
Hoje acordei feliz, pela primeira vez por não amar ninguém
E sentir na pele a brasa quente que é a solidão
Se amar-te nesse desapego
É fazer apelos, pra te ver voltar
Acordas, bem do meu lado
Sente o meu pecado te perdoar
Minto, amor, eu sinto muito
Por te ver partir
E arde como veneno, cachaça barata
Não ter você aqui....

Saavedra

É assim que é,melhor não saber
Que há de acontecer, amar alguém
E por mágica acreditar
Em sereias dentro do mar,
Em estrelas com gosto de amor
E se perder em um sorriso
Mapeado pelo rosto
Que tem em si seu gosto favorito
Eu que sorri, pra chegar até você
Atravessei um mar de gente que não sabe o que é amor
Meu bem, eu que sorri pra tentar te conquistar
Só retribuí tua gentileza de me amar
Mesmo sem saber

É assim que é, melhor deixar pra lá
Pra que ser perfeito? basta ser o que é
Meu bem, e o que é o amor?
Uma lista de coisas sem sentido, sorrisos sem razão
Discutir Tom jobim a beira mar, rir da sua cara sem parar
Beijar seus braços , repousar nos abraços que me dás de vez em quando
E por mágica acreditar
Em ondas de mil metros, em vagalumes cegos que não sabem brilhar
Vamos caminhar no bosque, iluminar o sol com o seu batom vermelho...

Deixa pra lá, melhor que tudo é aprender a dividir
O prato o porta retrato, o calor do corpo, o sorriso com o outro
Até o fim brincar de terminar com tudo
Até o fim do mundo, até o sol beijar seu rosto e me matar de ciúmes
Pela última vez

Sexta feira

Respiro esse céu cego
A quem me apego
Tantas estrelas
Ponho-me a vê-las
E acho por certo
Então me perguntar
Se vale a pena
Nesse céu cego
Ao qual me apego
E não sossego
Até desvendar
Os seus segredos
Morrer de medo
Desfalecer em continuar
Desses martírios a vida
E das estrelas queridas
Nada mais enxergar
Que fotos velhas desgastadas
Pedaços de almas roubadas...

A felicidade sempre tão distante dos olhos
No coração se faz presente quando com o sangue pulsante
E quente
Olhando prum céu cego, ao qual eu deixo me apegar
Descubro a felicidade, num momento raro, de um querer-te, caro
Amigo céu
De que adianta ostentar tantas estrelas
Se o céu é cego e não pode vê-las.

Cantores mudos não fazem sucesso

Pois bem, meu bem vamos embora
Quem sabe outra hora,
A gente possa voltar
Não brinque com o tempo
Nem com seus momentos,
Ele sabe se vingar
Cacos do passado na lareira
Com vagalumes sem brilho
A nos guiar
Pela porta trancada da sala
A maçaneta é a entrada
Pra onde reina o seu sonhar
Como se já não houvesse sonho
Num balão que roda o mundo
Põe-se a flutuar
Hoje é mesmo um dia sem cor
Entre as artes do passado e o seu batom
A me beijar
Longe o tempo chama nosso nome
Não sei onde ele se esconde,
Mas não consigo me deixar
Ser levado pelo tédio que é o melhor remédio
Quando tem-se que rezar
Eu que nunca fui um cara esperto
Hoje sei por quase certo
Que o negócio é duvidar.

Ode ao passado !

Aqui ainda tá escuro
Em passos e assobios
Ouço o vento me chamar,
Se liquifazer, em nada mais que pensamentos
Vem , que o ontém inda tá fresco, na cabeça eu te mereço
Mas não é assim no meu fazer
Vem, que eu hei de achar razão
Pra lutar pelo outro dia, mesmo que o preço do querer
Seja alto pra pagar

Vem , que o escuro já me chama, e sem ter-te em minha cama
Não há motivos pra acordar
Vem, que as razões do edredom, gritam em alto e bom som
Pra você se deixar levar
Vem, que eu me devoro insaciável,minha pele impenetrável
De aço é fácil de sangrar
Vem, que eu ainda me recordo,das ações de outro dia
Quando em meio a ventania seu cabelo
Pôs-se a flutuar

Eu que nunca tive medo, do pulsar de seu segredo
Ouço em um violão, recitado em dedilhado
Que quem errou foi o passado de traçar em paralelas
O futuro de nós dois
É mesmo estranho ouvir a porta rangindo
O amanhã em meus ouvidos
Sussurrando uma canção,
Meio assim desajeitado
O presente é o passado das certezas do depois
Vem, que a solidão me apavora
Enquanto ela me devora, e explana sua glória
Eu estou só no meu quarto, junto ao porta retrato
Sem foto alguma na parede
Nada mais do que os alardes de uma alma sem ninguém
Sem saber se teve ou se terá alguém pra me acompanhar
Quando o inverno bater na porta e por fim decretar
Que se importa com a alegria morta que eu ponho a declamar
Nesses versos de inverno, quente como o inferno em minha garganta
O gosto de devotar a santa do meu bem querer.

Santa solidão proclamada, que sem ti não sobras nada a não ser
O espaço que existe, dentro daquele que insiste em existir sozinho
E reclama do caminho que ele mesmo escolheu.

Perfume de areia

Santos, não sei pra que tantos
Com taõ pouca gente pronta pra rezar
Pecas, fazes promessas
De tentar se ajeitar
Rezas prum santo cego, juro não nego
Este há de te escutar
Este aprende a ouvir agora
Que já não pode enxergar
Reza, faz tua promessa, o santo cego
Irá velar
Pra que te acertes, quem sabe prestes
Pra que prum coração apaixonado
Possa se candidatar
E então na igreja, onde te ajeitas
Ao santo possa suas preces atirar
Pranto, vestido branco,ao santo
Cego um outro dia chegará
Doado pelas promessas
Que chegam as remessas
Enquanto paras para respirar
Santos, não sei pra que santos
Eu mesmo não rezo, mas por ti tanto prezo
Que de joelhos, prum santo cego
Rezei pra te ver melhorar
Mentiras, suas mentiras, enquanto falas
Mil delas a vejo pronunciar
E o santo cego, juro não nego
Se te vê corre sério risco de se apaixonar
Santos, não sei pra que tantos, rezo pra ti
Pra que então possas me notar
Em prantos, é um outro dia, a melodia
Da areia indo de encontr'ao mar
Lua, lua tão cheia, em sua metamorfose
Se fotografa com pose pra então
Em sol se transformar
Mas de que importa os dias
Jogue aos santos, há deles tantos
Que um deles há de te ajudar

Redenção

Pra que lado chora um coração apaixonado
Quando até a gravidade já mudou de lado
E do seu lado está apenas a conveniência da solidão
Quando se tenta escrever em folhas brancas versos
É só o inverso de tentar aceitar
Que querer é o amado, por vezes é muito mais
Que de fato amar,
E em canteiros procuro a flor, que avistei nos seu cabelos
Entre pedaços de terra e a vontade do seu bem querer
Sei que não há nada de errado em um desamor
Mas ainda há em mim pedaços de ti
Na saliva que não sai da minha boca, seu gosto
Na retina hoje tatuado, seu rosto
Na rotina assim tão desviada, o pressuposto
Pra que faças o oposto, e me ame só um pouco
Que eu já me contento em te ter por perto
Mesmo sendo errado se finge ser certo
É que vivendo assim sozinho quase no limite
Ponho a questionar-me se o amor existe
Ou é só invenção de um poeta apaixonado

Cronograma

Não quero ver o que não faz sentido

o que não dá pra acreditar
Nem descrever o que não é real
Não dá pra comentar
Não quero mapas astrais, livros de lei, códigos penais
Quero ver replays e acreditar nas causalidades banais
E aquela sensação engraçada de acordar no primeiro dia do mês
E rir do nada, pensando em nada, aquela sensação engraçada de amar alguém
Sem pressa, sem erro, sem palavras, nada a comentar
O tempo certo é o tempo do acaso, deixa o tempo se ligar
Que os relógios são só ponteiros, que direcionam os sonhos tais
E brincar de dizer a verdade, de falar metade, são coisas desleais
Eu não quero mais abrir a porta eu não quero mais ter outras chances
Já cansei de perder pro tempo, hoje eu quero pedir revanche
E tal qual a maré da sorte, deixa o tempo me levar
Eu não quero mais fotografias, fotos engessadas dos melhores momentos
Deixa o acaso trabalhar, seguindo as sombras do seu próprio tempo.

Big bang

Ah vai, deixa pra lá os sonhos, as memórias de um querer bem

Quem é que sabe de verdade as rugas do amor?
E decora as linhas tênues da face do sentimento?
Não há mentiras nem verdades em amar mais do que a si próprio
Por si só o amor é lei
É a sombra da dúvida é a dádiva da espera
É ser recompensado e então compensar
Pra demais perguntas deixa pra lá
Não se aprende o que é amor
Se não se consegue amar
Vira doença, sentença de morte
Obra do acaso, sujeito aos dados da sorte
Vicia, machuca, sangra, abre um peito semi aberto
Se um tumor, um rumor, uma decepção
Descompassa o compasso de um coração
É uma dor que teima em não passar
Quando se ama antes de aprender a amar

A maré

Amar é quando o sol se abaixa ser guiado pelo faroleiro
Cegamente se deixar guiar pelas ondas, em nome da crença em duas metades
Ouvir o canto das sereias e por encanto quase se deixar levar
Torcer pelo dia de avistar tal alma gêmea e então quase por mágica
Esquecer das palavras , de suas causas e consequências
É ver permanecer ausente a necessidade que se faz presente
É por medo de perder se perder por direito
E por decreto do amor ser escravo
Ver os ventos guiarem o destino antes livre
Que se atrela em outras liberdades pra então se prender
É cansar de ganhar sem parar de tentar vencer
Mas se entregar antes de padecer
É ao ciclo da lua encontrar teu olhar
E mergulhar no rio fundo quando não mais da pé
É correr os riscos do destino e estar sempre a deriva da maré

Biblioteca de alexandria

- Agora que estamos sozinhos, eu só queria te dizer

"ventos e auroras elevam um coração machucado ao patamar de estrela
e tal qual pecado sua queda dos céus por deus é perdoada
pois um coração sem asas se machuca fácil e é feio demais pra embelezar os céus"

-Olhando seus olhos, tudo parece calmo

" E o mar avança lentamente engolindo tudo aquilo que o homem já fez
é o mensageiro do acaso, trovador das desilusões, é a dualidade da calmaria
contra a força da maré, e tudo é sorte quando o assunto é vida ou morte"

- E te ter ao meu lado já me parece condição de existir

" Vai ver é assim mesmo, é tudo igual no final, e todo final é feliz
o que não foi de fato não será, e assim tudo é o que devia ser
tudo sempre acaba no final, por mais imortal que seja"

-Eu só queria ter você só pra mim, e poder te abraçar facilmente...

" E se for pra pensar em algo bom, teus olhos serão sempre meu espelho
eu só queria te dizer que tava frio e eu vi o sol do teu sorriso me aquecer
eu tive um sonho bom meu bem, e o sonho foi com você"

- Na verdade, de verdade eu te amo!

Azulejos

Nos azulejos do banheiro de um quarto qualquer
Desenhei com os vestígios de bala no peito
o coração de uma mulher
E com o sangue derramado, olhei pro lado errado
esperando encontrar o teu sorriso em minhas mãos
mas calejado um coração desamparado
já bate descompassado e até por pecado teima em não acreditar

Que nas paredes do teu quarto
Nas fotos do porta retrato
Em teus sorrisos estampados
Vendidos e enlatados
Encontrei vestígios do meu olhar
Nunca no entanto foi fácil crer
que por encanto me perdi em você
e em algum canto deixei de ver
o encanto que havia em você

Veludo em teus lábios de aurora
Desnudos lábios que outrora amei
Lábios que descompassam corações desritmados
Franco atiradores cruzados purgando seus pecados
E nas feras que habitam teu olhar profundo
Durmo em teus braços, abrigos do mundo

Andarilho em roupas douradas

Eu nunca disse que seria fácil vencer
Acordo cansado, mesmo dormindo até tarde
E as marcas da vida são profundas demais pro tempo curar
No silêncio os meus olhos drogados de mim se cansam
Perder é fácil quando não se tem o gosto da vitória
Os sorrisos são como pássaros que voam alto
Só sorri quem vive longe do mundo
O mundo não tem espaços pra sorrisos
O mundo tem lama, o mundo tem caos
O mundo canta aquelas malditas canções pop
Daquelas que estouram nas rádios e me fazem
Ter vontade de cuspir em algum albino feliz
E então aparecem seus olhos
Que engolem o mundo , vórtice divino teu olhar
Que sacia um angustiado coração que agora por sua causa
Reaprendeu a sonhar

Enigma

Inquietude fera em teu olhar
São dois mundos sombreados pela perfeição de teu rosto
Antes perder a estréia da eternidade que por ventura esquecer-me de te olhar
Belos olhos inquietantes, sombras nos espelhos do tempo
E então anjo, falas como tal e faz valer estrelas, as ditas
Luzes que saem do teu sorriso
Luzes essas que iluminam o infinito
E fazem sonhar com encontra-te em uma nuvem

Vitrais

Quando te aspiro, respiro o ar que de ti vem
Pois me convém por dor a necessidade de ter-te em mim
mesmo que de ti em mim habite só a poeira
a lembrança de um sabor amargo
que tortura um coração pulsante
e o gosto da tua urgência
demonstrado num sorriso
Habita em quaisquer de mim
no lado do paraíso
pois quando me paro e reparo
nas horas que passam sem cessar
te vejo por entre os relógios
és o meu tempo a fazer as coisas tais que o tempo faz
envelhecer-me é teu passatempo
e tal qual o tempo me alegra as vezes
e se for por sofrimento em ti também há momento
em que por ventura, sem motivo ponho-me a odiar-te
é que esse é o preço do apresso
amar tal qual amor, odiar como obra de arte
mas reparo nos teus cabelos a força do desejo em ti presente
é que quanto mais longe ficas, mais a saudade faz-te presente

Beira mar, derby

Se de fato acredito no amor?
deveras arde em um peito solitário
e doma de mim o eu a muito esquecido
oblitera a existência de um em favor de dois
soma metades antes quebradas, que sem a outra
são só metades
ouvi falar de uma certa verdade
algo que não se pode discutir
mas se acredito no amor?
só quando o vejo partir

As torres de Dusseldorf

Reclina sobre os ombros o pesar do tempo
envolve solitário os olhos de quem por ele se apaixona
e vê em relógios seu nobre sofrimento
Pois no horizonte do tempo tudo é fome
e a fome devora quem dela se apossa
e o tempo ri da vida e dela se desencontra
pois a vida é amor, é dividir em dois
as poucas horas que restam
e morrer feliz uma vida pela metade

E o tempo por ironia não passa
nem sequer para, não se decide
e a vida tão decidida, se encontra e desencontra
muitas vezes conforme obra do acaso
este sim sincero, não sabe o que faz
está nas regalias dos olhares furtivos
nos encontros quaisquer de desesperados
na força motriz dos encontrados
presente em tudo o acaso está

O triste no tempo e no acaso é que caso não saibas
são solitários
o tempo que de tão imortal falece a cada hora
e o acaso que se revolta, e portanto não se encontra
se perde em cada onda, a cada segundo contado,
conta com as solidões pra se fazer de destino
e nem mesmo sozinho é capaz de ficar
pois nos desencontros e encontros marcados
nos mapas do acaso o acaso está
e de tão sozinho se acompanha
e portanto se acanha em se acompanhar

E a solidão é aquilo que é simples de qualquer homem explicar
é olhar-se no espelho e ver-te inteiro, sem outra metade a te completar

A arca da aliança

Será que o mundo é mesmo mau
ou a gente que é bom demais?
será que tudo é tão difícil
ou não percebemos o quão simples
as coisas poderiam ser

É fácil demais perceber
que não é nada fácil aprender a perder
é fácil demais perceber, que é difícil largar o vício de tentar ser
perfeito

será que dá pra se amar mais do se ama o seu amor?
será que dá pra fingir estar feliz quando a felicidade passa
a dez mil milhas daqui?
será que me entendem quando eu choro demais
por te amar tanto assim?
será que sabem como é , será que estou sozinho nessa
se eu estiver sozinho, então seja parte de mim
eu te imploro

Será mesmo que as histórias são felizes no final?
será preciso esperar acabar pra poder ficar feliz do seu lado?
será que as coisas nunca são como poderiam ser?
Porque será que existe o bom demais pra ser verdade?
quero que a verdade seja sempre boa demais...

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte