As torres de Dusseldorf

Reclina sobre os ombros o pesar do tempo
envolve solitário os olhos de quem por ele se apaixona
e vê em relógios seu nobre sofrimento
Pois no horizonte do tempo tudo é fome
e a fome devora quem dela se apossa
e o tempo ri da vida e dela se desencontra
pois a vida é amor, é dividir em dois
as poucas horas que restam
e morrer feliz uma vida pela metade

E o tempo por ironia não passa
nem sequer para, não se decide
e a vida tão decidida, se encontra e desencontra
muitas vezes conforme obra do acaso
este sim sincero, não sabe o que faz
está nas regalias dos olhares furtivos
nos encontros quaisquer de desesperados
na força motriz dos encontrados
presente em tudo o acaso está

O triste no tempo e no acaso é que caso não saibas
são solitários
o tempo que de tão imortal falece a cada hora
e o acaso que se revolta, e portanto não se encontra
se perde em cada onda, a cada segundo contado,
conta com as solidões pra se fazer de destino
e nem mesmo sozinho é capaz de ficar
pois nos desencontros e encontros marcados
nos mapas do acaso o acaso está
e de tão sozinho se acompanha
e portanto se acanha em se acompanhar

E a solidão é aquilo que é simples de qualquer homem explicar
é olhar-se no espelho e ver-te inteiro, sem outra metade a te completar

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pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte