Machuca entrelaçado ao gosto
que é pra ter o pressuposto
do prazer sobre a dor que ainda dói
é jurar fidelidade a uma bandeira sem pátria
lealdade a um exército de um só
é perder a guerra por piedade
doar-se sem medo da verdade
é semear o que não há de plantar
É entrelaçar duas metades com um nó fraco
é sonhar crescer planta no sertão
é acreditar no que não tem fim, mesmo acabando
é ajeitar o que quebrou-se e se perdeu
é quase verdade na mentira, é mentir por verdades
é sentir saudades, do que nunca partiu
Mas é um bicho maldito que pica
e a ferida é brasa quente na pele
é fazer de ti o amante e do outro o ser amado
é amar o amante e não se amar
é fazer de si outro, por ventura do tempo
chegar ao momento de não mais distinguir
É no fundo do poço, ser o bandido e o moço
é ter fé na fé, é andar sem ter chão
é se transformar por via de fato
de fato no objeto amado
e amar pra sempre, mesmo que por um instante
é amar o amado e esquecer do amante
A capela sistina
Postado por
farley ramos
sábado, 7 de abril de 2012
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