Trato

Me dou ao luxo do exagero
De querer-te por inteiro
Bem mais do que posso ter
É que se me entrego ao não poder
A desesperança de lhe ter
Ilude meus afagos e o que me sobra
É o prático efeito do primeiro amor.

Não quero o dramático luar
Me envaidecendo a noite
Nem quero o amável sorriso sincero do silêncio
Me aquietando na madrugada insone
Enquanto eu me desfaleço sem ter o devido apreço
Da deusinha das manhãs caladas
Minha dama que não me pertence

Só espera amor,que eu mereço ser alguém a te amar
Eu vou te acostumar aos meus gracejos
Se você se incumbir de despedir minha solidão

A cama guarda

Não vale o trabalho fazer-te voltar
Se sei que já já te fareis partir
É o prático efeito querer-te aqui
É a amarga certeza deixá-la ir

Ai, a certeza é o que dói, amor
Melhor duvidar se te faço bem
Que crer cegamente que te faço chorar
Melhor duvidar que um dia eu te tive
Que acreditar com razão que irei te perder

Não vale o trabalho consolar teu choro
Se sei que outro dia serei a razão do seu chorar
Não me dou ao trabalho de pedir-te em namoro
Quando bem sei que amanhã irei te abandonar

Não me responsabilizo pelo direito
Pelo grito no peito, pela ausência ou presença da dor
Não sou razão certa ou mesmo errada
Meu bem já não sei mais de nada
Em meu peito eu cravei " aqui jaz o amor"

Ai, meu bem, as vontades do mundo me enchem de medo
A solidão teima em guardar meus segredos
E o amor é uma faca que não sabe cortar...


Poema do anjo ruivo

Não me encontro mais
Em nenhum recital ouvido
Em nenhum sentimento sentido
Sequer em ressentimentos sofridos
Ando falido...

Como se parte tivesse ido
Um órgão vital arrancado
Algo importante esquecido
Sentimento forte, sumido...
Como se eu já tivesse cometido
Todos os pecados

E por mais que eu me perca nas horas
Na eterna demora
Da pronuncia de cada sílaba do teu nome
Tudo some
Pois nada importa
Só fico o medo da importância que eu te dou

Temo o tempo,
Ao invés de proporcionar a cura
Só amarga e tortura
Estraçalha e perdura
Essa angustia em meu coração

Coração que é perdido e desabrigado
Famigerado faminto por sentimento
Flagelado coração, refém do momento
Em que tuas mãos eram norte e sul
E teus olhos ventos

Mas esse é o problema de ser só metade
A angustia de procurar ter por completo
A me jurada felicidade.

Quando eu penso em você me abstraio

Tratemos de refazer o nó
A junção de duas pontas cegas
Enquanto o presente ainda lamenta
O doce fim do passado,
É melhor que ele não supere...

É melhor que essa dor latente
Te faça presente de algum modo
Do que esquecer-te de vez...

Antes que eu me cegue ao que foi, sejamos
Antes que eu me encarregue , negue ao presente
O troco da nossa solidão.

Pois teu olhar é o abrigo , o perigo
O mistério,corrompendo-me aos poucos ao pecado
Que não mora ao lado pois esse tem o endereço teu

E não perca de vista a sede da minha saliva
Viva com ardor, sem pudor , sem o tédio dos dias sem amor

Então não há mais passado,é errado eu sei, mas e daí?
Quem estava lá quando eu vivi o que só o meu saber pode entender
Enquanto eu me tremia nervosa, sentindo tua respiração no meu pescoço
Me roendo o osso e coisa e tal...Sensacional!
Então refaça o nó que tu é a ponta que falta
Aponta na minha direção, me leva em teu colo, em tua pele marcada
Mas não esqueça nada, porque não voltaremos pra buscar

E que a felicidade seja eterna
Ou que pelo menos dure o tempo que eu mereço vê-la durar

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte