Apesar de nós

bato a tua porta
derubo o teu jardim
volto ao bar
me entrelaço em qualquer abraço
e fujo pro meu refugio
sujo apesar de limpo
sempre quase completo
sem você
e aí?
o que há de ser?
de mim sem você?
nada a se esperar
a não ser o pouco
que me sobra do que eu um dia fui
te guardei em mim
me perdi em ti
te trousse em mim
me esqueci no teu casaco
a flor que tatuou na tua pele
ficou cravada na minha cabeça
e apesar de tudo
só peço que não se esqueça
de como fomos felizes
apesar de nós

Eu e ela!

é tudo silêncio em teu olhar
perplexo, silêncio doce afago
é tudo verdade nas tuas mentiras
teus lábios sempre dizem a verdade
a tua pele ainda se esquiva
dos ventos fortes do outono passado
mas eu vejo a tua alma
e dela brotam palavras
que nem mesmo tua mente
consegue omitir
e eu vejo teu corpo
de um jeito que nem tuas roupas
conseguem tapar
eu vejo você
como nem você se vê
através de teus olhos
o meu reflexo te olhando
é tudo silêncio
quando você proclama
versos em forma de gírias
e me abraça desapontada
com qualquer briga a toa
assim como é tudo barulho
quando eu sinto teu coração por entre tuas veias
e tua aura por entre tua pele
e a vida brinca mais uma vez
de nos tornar somente dois
sempre menos que só um!

Eu e os outros!

que me matem
que me atirem
que me amordacem
que me queimem
que me matem
que se calem
que se quixem
que se esbaldem
que se finjam
que se mastiguem
que se discutam
que se danem
que se lasquem
que se fodam...

Confissões de um gigolô

repousei em ti minhas horas de trabalho
e economizei afetos para contigo gastar tudo
acabei doando-me por demais
e nos teus braços senti pela primeira vez
ternura
pendurei um velho casaco do teu lado
e abraçei-a com todo carinho
queria poder ficar com você
mas tenho que voltar
pra rua
mas gravei momentos
felizes, tristes, amei-a como um homem
e fiz amor contigo como um animal
no fim é só isso que nos resta
um monte de palavras....
momentos...
recordações
no fim só nos resta nós mesmos,
não tinha que ser assim,
mas é
até qualquer dia
onde repousarei minha alma de novo em tuas mãos
e por medo irei embora antes de encarar-te frente-a-frente
adeus meu doce pedaço de mim

Valsa de olhares

ela tinha medo dos olhares dele
e da desconfiança de tuas frases frias
mas não resistia a suas investidas
e perdia seus minutos sonhando com ele
e os seus sonhos le roubavam a pureza
e transformavam em realidade
o ardente desejo dele
e no dia que tudo era silencio
fez-se tango a dança de seus corpos
assim como um olhar de um menino
ela se deixou dominar pelo olhar de homem
e depois foi embora sob o olhar de playboy
e passou a noite lembrando do olhar
meio que romantico, meio de sonhador
e decidiu privar-se de qualquer olhar
da janela ao chão
agora sob o olhar curioso
e nos céus sobre os olhares de lágrimas
da janela ao chão com seu olhar de fé
e o garoto continuou
com seus diversos ohares
para os olhares femininos da cidade

Alma patriota

não sei escrever
não sou professor
minha alma lavada
minha cara de pau
foi o mar que secou
não sei poetizar
não sei filosofar
minhas taras e medos
não posso enfrentar
não creio em ti, não posso mentir
minha vida não foi
feita pra iludir
sou pobre, sou preto
sou o filho seleto
sou fruto do amor
de um casal predileto
sou fraco, sou magro
com meus pés no asfalto
escrevo poesia
sem uma palavra
sou tudo e sou nada
sou só um brasileiro
sou o filho da mãe
e de um pai guerreiro
sou um em todos
e ninguém por mim
mas sou feliz
e acima de tudo
brasileiro mesmo assim

Apesar de ti

por mal dizeres as palavras te condenam
feito o pobre fruto de um ventre endiabrado
ventre este fruto de uma pampa pobre
e da pobreza foste arrancado
ainda feto se uniu martírios
e apesar de tudo há felicidade
em um lamento quase que cantado
dos teus desprezos dedicou-se lealdade
mas ainda assim há de ser feliz
esta maldição eu te conjuro
pois felicidade plena em meio a miséria
fará de ti gozar de jubilo
enquanto a triste melodia soa
e os pardais poem-se a voar
mas ainda sem aves no céu
a felicidade há de ao teu lado estar
e feliz como um canário
há de sempre estar
apesar de ti

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte