Eu daria tudo pra não te ver
pois por onde passas
metade de mim arrastas
e cria em mim feridas
que não vão cicatrizar
Eu daria tudo pra não te sentir
me olhar com teu olhar de sereia
ser tão água e eu tão areia
eu tão poesia e tu tão papel
me vejo em ti desmoronar
Não, mas do que valho eu sozinho
sem teu olhar de cão vadio
e me entorpecer e me sedar
se tudo é pedra no caminho
tu és da flor o mais puro espinho a me picar
e me devora com a fome de um furacão
teu pesadelo é minha ilusão
tão diferentes nós dois, a fome e a nudez
o vagabundo e o lord inglês
te vejo de mim se recortar
mas o que posso fazer, se sou só um poeta
eu daria tudo pra não te ver
desfilar por aí os teus passos
receber de outros corpos abraços
outros braços virem te mimar
mas te juro solenemente
te odiar e amar plenamente
e na fineza de teus traços prometo
te amar errado mesmo do meu jeito
sonhando em contigo nunca mais sonhar
pois de ti sou eu de presente
de mim és tu de bandeja
de nós dois somos um ao outro
guardados em porta jóias
dividindo o mesmo lugar
Algodão entre cristais
Bandido e carnal
Não precisa dizer,
Não quer dizer que não dê pra falar...
Nem por isso eu vou te ouvir
Mas você pode tentar...
Não é que eu não te ame,
Ou não te queira por perto
Mas é que te amar pelo avesso
Talvez nunca dê certo
Não é que não me faça feliz
Que não me satisfaça
É que por mais que o tempo não pare
Ao seu lado ele não passa..
E é certo amor, você também sabe
Que tanto amor errado
Num só peito não cabe
Quando então nos amamos do jeito certo
Já estou longe e não estás por perto
E te olho em silêncio na fotografia
E te ter junto a mim já não dá...
Pois nossos quinze minutos de amor
Esqueceram-se de acabar
E não me entrego de birra, de marra
Pois de ti já sou e tu sabes
Que essa droga de amor...
Em nosso peito não cabe
Juras de amor eternas, mentiras sinceras
Te prometo amor...
Mesmo que não queiras.
Termos e teoremas
Indescritivelmente foges, em teu olhar a lua
indubitavelmente em ti meu olhar se acua
Quase que descrente em minh'alma sua
interminavelmente minha vida é tua
e como tatuagem marca minha pele
e vai-te embora antes que eu acorde
doma-me como cavalo a fugir da cela
e põe-me a dormir bem em meio a rua
em tua vida simples tão normal
sonhando mais um sonho marginal
em teu corpo areia quente água e sal
repousa em ti os sonhos deste naval
e em ti minha paz se alegra e por ela guerreia
pois és grito de vitória para mim, terra sem bandeira
E vences serena e calma minha derrota derradeira
e me assaltas quebrando meu silêncio com uma britadeira
teu olhar que me acalma ó minha sereia
enquanto que te findo posto que és perfeita
tanta perfeição assim já não se ajeita
E fico a admirar-te com meu amor profundo
pois como juíza me condenaste a te amar pelo mundo
e te juro nobremente como cafajeste
que do meu coração se apossou como peste
que posto que é infinito em momentos quaisquer
Também cabe no instante de amar uma mulher