Eu daria tudo pra não te ver
pois por onde passas
metade de mim arrastas
e cria em mim feridas
que não vão cicatrizar
Eu daria tudo pra não te sentir
me olhar com teu olhar de sereia
ser tão água e eu tão areia
eu tão poesia e tu tão papel
me vejo em ti desmoronar
Não, mas do que valho eu sozinho
sem teu olhar de cão vadio
e me entorpecer e me sedar
se tudo é pedra no caminho
tu és da flor o mais puro espinho a me picar
e me devora com a fome de um furacão
teu pesadelo é minha ilusão
tão diferentes nós dois, a fome e a nudez
o vagabundo e o lord inglês
te vejo de mim se recortar
mas o que posso fazer, se sou só um poeta
eu daria tudo pra não te ver
desfilar por aí os teus passos
receber de outros corpos abraços
outros braços virem te mimar
mas te juro solenemente
te odiar e amar plenamente
e na fineza de teus traços prometo
te amar errado mesmo do meu jeito
sonhando em contigo nunca mais sonhar
pois de ti sou eu de presente
de mim és tu de bandeja
de nós dois somos um ao outro
guardados em porta jóias
dividindo o mesmo lugar
Algodão entre cristais
Postado por
farley ramos
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
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