Pra que será então que o sonho serve?
Nua e crua
Como dois criminosos
Você ri de mim a noite inteira
Porque eu falo de amor e saudade
Enquanto você, deita e rola na cama
Faz o seu show, o seu drama
E me diz que amar é clichê
Que é como pedir pra sofrer
E que não compensa a dor...
Teu passa-tempo favorito é assistir eu me apaixonar
E quando o tédio bate forte em você me deixa prosseguir
Finge bem que se importa e quando te convém você até sabe me enganar
E eu acredito em você porque também não é tão ruim assim...
Na falta de algo melhor, eu me contento em ver seu riso forçado
Que você guarda entre os dois lábios que sussurram medo de solidão
Já que eu não posso escolher, aceito ser o curativo pro teu machucado
E pôr o dedo na ferida aberta do seu coração, por pura diversão...
Se me machuca não te importa se te dói não me incomoda
Não há muito o que fazer
Esses seus olhos que não choram teus ouvidos me ignoram
E eu faço o mesmo com você
Você se despede e vai, pra onde eu finjo não querer saber
Por dentro eu me corto então, eu me preocupo com você
Eu fico aqui tão só, o espelho é minha companhia
Me culpa, me morde, me fode, me esfrega na cara tudo que eu já sabia
A noite se vai sem saber, sem perceber, ela já se transforma em dia
Seu cheiro ficou aqui, grudado em mim, perto dessa parede fria
Brinca de se divertir, que eu vou arrancar de mim, cada pedaço teu
Difícil é distinguir e descobrir se aqui ainda tem algo meu
Você se despede sem ir de fato embora, só pra me deixar assim
Você ri de mim toda hora que eu ameaço te deixar,
Sua diversão favorita é me culpar
Apontar meus defeitos, roer meu peito, só pra se justificar
É o crime perfeito, esse seu jeito
Estranho de me amar
Maria e os diamantes
Anuncio entre vitrais teus olhos
Me acostumo com os sinais perdidos
Entre estrelas e lençóis, a noite
Vem relembrar o que ficou distante
Eu que não me acostumei ao gosto
Ao sabor meio amargo do teu rosto
Me humilho pra jogar seu jogo
Me desmantelo por qualquer mais pouco
Troco farpas com você ,
Me acostumo devagar com suas manias
Suas besteiras desvendadas no mistério do edredom
Fico ouvindo escondido você errar o tom
Da canção que eu compus pra você
Quando a janela do terceiro andar abriu
A noite me parecia vaga
E o teu ombro tinha cara de lar
Onde eu quero dormir e acordar
Onde eu quero fazer minha rotina
Pra saciar minha retina
Que quase morre de vontade
De engolir seus olhos
De colar tua lingua na minha
De fazer poesia nua e crua
Que arrepia a alma e tira a calma
Quem descobriu seus olhos mentiu
Se chorou ou sorriu
É mais que qualquer reação
E eu que não pude dizer
Como pode tentar explicar
O que só se pode saber
Vivendo intensamente a sensação de te olhar
E eu me pergunto pra que será
Que alguém vai esvaziar todo o coração
Pra que será?
Qual é a graça de sorrir em vão?