Tal qual poema assim distante
Tive que ler nas entrelinhas, das tênues linhas
De definição do seu rosto
Êxtase com gosto de batom desconstruído
Pelos mil versos livres
Que eu fiz questão de prender ao seu ouvido
Como poesia
O bar era teu dono aquele dia
E eu temia, não ser capaz de lhe entreter
Tal qual monotonia, seus olhos ansiavam novidade
Quase que ironia, era minha dona na verdade
E eu só senhor de tuas vontades, te requeria
E repreendia o teu cangote minha mira
Enquanto eu te beijava a gente fazia poesia
Melodia, sinfonia, a flor do dia, a beleza da sintonia
E eu te achava em cada traço, em cada parte do meu braço
E recriminávamos o sol que já nascia
E dava fim a poesia, como um ponto final.
A história de um dom Juan
De madrugada
Eu já me cansei da tristeza
Namorada.
Não te iludas com teu terno passado
O rebaixamento de plutão
Meu coração de pedra
Habita
Se há felicidade?
Eutanásia
Certa vez eu quis ser romântico
E com prazer ser refém de uma dor em meu coração
Eu queria deixar abertas todas as feridas
Pra deixar a dor eternamente em exposição
E viver da dor, compactuar com a dor
E manter a ingênua sensação de felicidade
Conheci alguns românticos nessa vida
Em outras vidas, deveria haver muito mais
São pessoas geralmente felizes
Que não se cansam de sofrer
Carregam contentes em seus peitos tumores
Que torturam, machucam,sangram
E sequer tem a decência de matar
Pra esses tipos, acostumados com a cruz
Pregando seus braços e pernas
O pior castigo pra um amante
É ser condenado a vida eterna...
E viver eternamente da única dor que vale a pena
Passar e eternidade entre os porres e os poemas
Se deliciarem de seu sangue derramado
Sem ao menos poder de fato dizer que isso é errado