Não que houvesse noite vinda,
Sem a antecipação dos seus sinais
Não que houvesse noite e pronto
Sem explicações ou mais
És da noite complemento
Dos dramas desleais
És do amor o firmamento
De seus efeitos colaterais
Ponho a questionar-me hoje, "talvez ou jamais?"
E eis que ouço tua resposta "tarde demais"
E quando viro as costas
Tua imagem se vai
Fico eu, fica a noite
Duas metades desiguais
Varro em meio a sala imóvel
O eco dos passos teus
Estirado em um qualquer canto, entre o talvez e o jamais
Vai fazendo mais sentido "tarde demais"
Ressoando em meus ouvidos como a arma dos sinais
O sinal que acredito, ter ouvido tarde demais
Então esfria e a lua chia, sombreadas nuvens por de trás
O relógio marca as horas " tarde demais"
Tão tarde que é quase dia e o dia não se vai
Eu entre o talvez e o jamais e você " tarde demais"
De repente a noite esfria e o calor eu quero mais
Talvez por querer de mais é que seja de fato
Tão " tarde demais"
E eu escuto a casa rangindo no meu ouvido
Que a noite agora é bem capaz
De me engolir enquanto eu vivo
Lamentando ser tarde demais
Dane-se a noite ainda estou vivo
Ela chegou tarde demais
E só agora eu entendo a falta que
Um relógio faz, pra descobrir enquanto há tempo
Que não há tempo pra mais
Antes " adeus, fica bem, até mais "
Que viver duvidando se talvez ou jamais
Mas a noite se foi levando tudo que o dia trás
Você, a noite...O mundo não olha pra trás.
Eu não pude dizer, pois estava cansado.
Ela
Era espanhola, não de nascença
Mas de crença, de dúvida
Tinha interrogações no começo
E no fim de cada frase, quase
Como quem dissemina o não saber
Era ela, sem sê-la, sem vê-la ser
Era só o que dava
Cheirava bem, como o jantar de terça
Ou como o domingo na igreja
Cheiro de anjo cheiroso,
Era dramática, trocava a teoria pela prática
E fazia do mundo palco, desfilava tensão
As vezes romance, dialogava muda com a plateia da vida
Vaiava a própria apresentação, sem fim nem razão
Era mistério, o quinto hemisfério
Guardava em si a ambiguidade de se esconder
Em um óculos sem grau
Sorria com as dúvidas de espanhola
Com as interrogações implícitas
Não deixando perceber se de fato sorria
Ou se por dentro quebrava
Duvidava sem duvidar, sem dar margem
Indecifrável enigma da gramática
Quase como o detalhe de uma sobrancelha arqueada
Dando pistas sobre um olhar de mulher
No fundo não se sentia odiada, ou mesmo odiava
Era indiferente com o mundo, rodeada de imbecis
Com os olhos de noite, viris olhos de emboscada
Sabia que dali em diante
Ou seria amor
Ou então não seria mais nada.
Jura de amor
Eu só queria dizer que acho certo
Ter o teu amor ainda por perto
Mesmo que o perto seja ainda longe
Do que eu um dia esperei
Eu só queria dizer que ainda espero
Por um convite sincero
Me pedindo pra voltar
E que as coisas vão recomeçar de onde parei
Eu só queria dizer que não sei como
Conquistar esse seu coração sem dono
Satisfazer essa insana vontade
De te amar mais e mais
Eu só queria dizer que é doença
Me submeter a essa sentença
Me aprisionar cada vez mais
A teus padrões doentios
Mas isso é bem do meu feitio
Amar o amor mesmo quando o amor se vai
Eu só queria dizer que acho certo
Ter o teu amor ainda por perto
Mesmo que eu não saiba muito bem
O que fazer ou falar quando tu vens
Eu só queria dizer que não desisto
Por te querer é que ainda insisto
E o amor é só mais uma flor
Despedaçada no jardim que dá dó de ver
Eu só queria dizer que o amor existe
Embora eu não saiba direito aonde habite
Eu sei que querendo ou não
Ele se parece muito com você
Navegador das galáxias
Estou cansado de viver à sua sombra