Era espanhola, não de nascença
Mas de crença, de dúvida
Tinha interrogações no começo
E no fim de cada frase, quase
Como quem dissemina o não saber
Era ela, sem sê-la, sem vê-la ser
Era só o que dava
Cheirava bem, como o jantar de terça
Ou como o domingo na igreja
Cheiro de anjo cheiroso,
Era dramática, trocava a teoria pela prática
E fazia do mundo palco, desfilava tensão
As vezes romance, dialogava muda com a plateia da vida
Vaiava a própria apresentação, sem fim nem razão
Era mistério, o quinto hemisfério
Guardava em si a ambiguidade de se esconder
Em um óculos sem grau
Sorria com as dúvidas de espanhola
Com as interrogações implícitas
Não deixando perceber se de fato sorria
Ou se por dentro quebrava
Duvidava sem duvidar, sem dar margem
Indecifrável enigma da gramática
Quase como o detalhe de uma sobrancelha arqueada
Dando pistas sobre um olhar de mulher
No fundo não se sentia odiada, ou mesmo odiava
Era indiferente com o mundo, rodeada de imbecis
Com os olhos de noite, viris olhos de emboscada
Sabia que dali em diante
Ou seria amor
Ou então não seria mais nada.
Ela
Postado por
farley ramos
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
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