Contornos!

Eu sou o que sou em essencia.
Tendo ou nao consciencia
Eu sou a fluencia.
Eu sou o vento que sopra
Pra todas as direçoes
O mar que engole a areia
A areia que flutua no ar
Eu sou a mistura
Do que eu fui com o que eu talvez ja tenha sido.
E assim somos todos nós.
Nós somos o que nao sabemos
E ate um pouco do que sabemos ser,
Milhares,centenas...
De nós mesmos dezenas...
Pequenas pedras que estavam la antes de tudo.
Nos somos o adorno do mundo.
As bijouterias da essencia.
O carnaval da verdade.
Na realidade,nos somos
O que nos nunca seriamos
Se soubessemos quem somos nos.

Mirante.

As certezas do mundo quase sempre sao burras.
Queria nao saber disso,convicçoes sao tabulas rasas.
Nascem os dias com as estrelas distantes no ceu. Onde esta voce?
Nesse espaço tao grande,nesse espectro abstrato que é a existencia. Onde esta voce agora?

Sentado em meio aos livros,
Traduzindo pensamento em palavras
Maquinando num fluxo continuo de consciencia?
Mais vale a essencia,a alma que flutua em equilibrio com o mundo. Mais vale fluir,
Como as aguas do rio afloram no mar
Como o vento que sopra só por soprar.
Mais bela seria a flor se ela se enfeitasse para ti?
A beleza da vida é o que se oferece aos poucos.
Onde esta voce agora? Cheio de adornos?
Tua alma paira,sem contornos. Esteja onde estiver.

É que ser é estar num constante momento
Parado ninguem percebe que a vida...
É movimento.

Afluentes!

Somente ao entardecer descobre-se que a vida
É uma elipse de pensamento
Um fluxo de momento
É o que foi e o que será.
A vida é um extratempo
O presente do passado
De um futuro que virá.
Viver é arte de flutuar pelo espaço
Sem contar os passos
Viver é ver no que dá.
Qualquer outra definiçao de vida
Nao se engane, a definirá.
No fundo a vida é isso
O que se quiser,ela será.
Quanto a ter razao ou nao...
Deixa anoitecer,mais dia menos dia
A gente chega la.

O milagre da carne!

O poeta é a palavra orgânica.
  O tato e a pele, a saliva do texto.
O poeta é a transcriçao da palavra
 O que nao se fala nem em uma folha de papel.

Ser poeta é estar em contemplaçao
Em comunhao com tudo,
É amamentar com os seios da devoçao
Os lamentos do mundo.

O poeta é o jeito que a palavra encontrou
De fazer amor.
O espelho das frases,todas as figuras de linguagem
Em carne e osso.
Mordendo o pescoço e suando frio.
O poeta é o orgasmo da lingua.

Macaquinha!

Se olhando em teus olhos,
Nesse infinitos perolados de sua face,
Por um segundo apenas palavras me faltassem
Que martírio seria...Viver sem falar dos seus olhos não,
É o fim...

Se olhando em teus olhos sou feliz?
Ao amanhecer com teus beijos
Bailarina em gracejos, maestrina do lar
Colombina das tardes, menina ao luar
Mulher matutina, perfume no ar
Onda repentina, o puro verbo amar

Meu poema é menos poema que as curvas caligráficas do seu sorriso
Composição metódica de Deus, anjo com pés que tocam o chão
Música pra meus ouvidos, ritmo pro coração
Teu gosto tem gosto de um futuro à dois
E...Somos eu e você,o resto é depois...

Pra se ler num domingo de sol!

To com saudade sereia, 
Contando areia pra te encontrar
To com saudade sereia, 
Saudade de te beijar
To com saudade sereia,
Já fiz promessa pra Iemanjá
To com saudade sereia
To levando areia pro mar
Pra gente sentar na areia
Contar estrela e se amar...

Pra Rafaella ,meu xodó!

Pra tu, bonita
Esse poema
Que os versos resumam a passeata
Dos teus olhos em cascatas,neblinas polidas
Com cheiro de luz.
Teus olhos finos, castanho-esverdeado, que me falam tão alto
Quanto a voz do trovão
Toda vez que penso em ir embora
Eles dizem "não"
Passo a noite acordado pensando nos seus olhos
E a essa altura do sono eles me parecem tão próximos
Quanto o controle da televisão
Pra tu bonita, esse poema
Pra nós, bonita a vida inteira
E todo amor que couber em dois corações.

Mesa para dois!

La estava eu,parado...
Pedindo parada pra vida...
Dizem que o amor cura.
Agora estou amando
E descobri que o certo é pegar o bonde andando.

Sem ressentimentos,sentimentos
Intimidam,eu sei
Mas parar é coisa de pedra
Quando finalmente fui vento me doei
E só sabendo que tudo é só passagem
Perdoei

E a vida gritou de longe "MUITO BEM"
É só em par que viaja esse trem.

Tchau!

Quando me perguntaram o que é a vida
Eu não sabia.
A vida, a vida, a vida...
É despedida!

Na careca de Drummond havia um pombo...

Senta Drummond e escuta calado
Ouve de uma vez o que falo
    O recado tá dado.
Não sou de esconder meu encanto
     No entanto o fim é inevitável
Pra toda poesia há um ponto final.
     Tenho apenas um coração cego
   E um verso mudo.

Longe de mim esse teu "sentimento do mundo"

O peso lhe cai sobre as costas
Drummond quem muito sente cedo ou tarde pela dor padece
  E vira nada mais que pó.
Alguns dirão olhando sua estatua
      "Olha só, que careca engraçado, será o Mario Quintana?"

E ouvirás do teu recanto a resposta "não, esse é José saramago"
Serás pra sempre um poeta Drummond, com o sentimento do mundo
E esse será o seu peso, o de ser poesia
Já eu serei mudo, longe de tudo ouvirei
           "havia uma pedra no meio do caminho"

                            Eu sei...

2 e 55

Dei férias ao meu relógio, 

Não suportava mais os segundos 
Me dizendo o que fazer
Não suportava mais perder a hora certa
Com a pessoa errada
Dei férias ao meu relógio.

E o tempo passou mais devagar
Querendo me acompanhar
Como quem perde perdão por errar.
De repente meus sorrisos voltaram
Como quem volta ao trabalho
Depois de um tempo de greve

Meu coração atordoado
Bateu meio disritmado
E por fim se aquietou
Com o relógio parado
Meu coração não mais se atrasou
E até que enfim se encontrou com o amor
Em alguma esquina sem nome.

Foi-se embora amargura, tristeza
A pressa e o ódio
Se eu soubesse tinha dado a mais tempo
Férias ao meu relógio.

Dei férias ao meu relógio.

Meu bem, o mundo roda...
Então deixa rolar..
Deixa ser o que for
Pra tudo ser o que será
Sem tirar nem por
Sem colocar
Pingos nos is e sal no mar

Deixa o vento fluir pra onde quiser passar
Quem sou eu pra tentar controlar
Quem sou eu pra não me render aos seus olhos
Nascente e poente dois sóis refletidos
Deixa o mundo lá fora essa noite
Que aqui dentro só cabe nós dois
E se os problemas baterem na porta
Deixa pra atender depois.

Deixa aqui só o sossego
Que eu quero pra mim você de par
Pra viver até o fim dos tempos
Quanto tempo houver de levar...

O que vem de dentro nos aflinge

Com o telescópio 
Procurava nas estrelas
As respostas pra tudo.
Descobriu no estetoscópio
Que é de dentro 
Que se descobre o mundo.

Antes tarde do que nunca

Quando Bukowski se sentou na praça
Lendo Maiakovski de conveniência
Descobriu que a poesia é de toda a raça
Que não passa da mais pura essência.
E nu na privada ele escreveu
Que os gordos, velhos e tarados também amam
Mas como Maiakovski Bukowski também morreu
E a poesia continua falando: Antes eles do que eu!

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte