estou morrendo aos poucos
deitado na cama vazia
seu olhar opaco ainda me irrita
magoa a fina casca
que antes eu chamava de mim
se fosse pra acabar sem final
se fosse pra ser assim
melhor que não me tivesse escolhido
fostes embora
levando consigo
meu sangue
manchou minha camisa de amor
e fingiu que seria eterno
marcasse tua marca em meu peito
e fingiu ser sincera
mas a tinta secou
o papel se molhou
a promessa envelheceu
e você não cumpriu
eu quero ver você girar
com o gatilho na mão
e dançar em cima
do sangue em meu coração
aberto, ainda sangrando
mas sinceramente
apesar de você
eu hei de existir
e nada há de curar a dor é verdade
e nada a de matar o amor, eu concordo
mas nada há de ti mais em mim
a não ser a dor de um dia eu ter te amado
e dito tantas vezes
jurado perante as estrelas
que seus olhos seriam os faróis a me guiar
em meio a escuridão
apesar de nós dois
sempre terei a mim
e sempre será
pra sempre assim
Eu na cova dos leões
Alienígenas desceram tocando beatles e rolling stones
todos eles estavam calados
as caras eram pálidas
e manchadas de suor
todos eles estavam errados
as mãos armadas
sempre prontas para o pior
todos estavam olhando
as estrelas caindo do céu
as mães abraçando as crianças
as duas torres de babel
todos eles estavam sangrando
dos olhos aos pés
todos eles estavam olhando
os dois reis, os dois Moisés
e a vida passava
escrita em metal barato
as pessoas com seus nomes
em marcas de sapato
e todos olhavam todos
com perfeita inibição
desligados da tomada
defeitos sem solução
uns carregavam uniformes
e outros andavam pelados
uns carregavam informes
e outros estavam lado a lado
estavam todos pensando
em como chegaram até ali
não tinha ninguém andando
mas as sombras estavam a os perseguir
a vida estava acabando
estava perto do final
quando desceram eles de suas naves vermelhas
levando sangue e caos
com suas roupas de acetileno
com poli etileno nas mãos
não entendiam como o veneno
brotava de todos nós irmãos
e o sangue maculava nossa alma
e eles sabiam disso
e eles perderam a calma
esse era nosso compromisso
estavam todos atirando
no acetileno escorrendo
o céu caiu três vezes
e os dedos tocaram o doce do chão
amargo apesar de doce
era sempre essa a solução
e em casas verdes floridas
as naves começaram a morar
e todos os polímeros cromados
começaram a nos assombrar
o que é isso?
a vida?
não sei o que fazer
o mundo
perdido
entre mim e você
e todas as setas
apontavam para o mesmo lugar
um esquadro e formas geométricas
nos guiavam até lá
os tijolos eram vermelhos naquela casa escondida
estava escrito em lixo radioativo
aqui morava a vida
não vou ficar sozinho
a solidão dói demais
machuca a alma é o caminho
de quem procura não ter paz
mas se você
quiser me dizer
que é tudo vivo
que é tudo verdade
feche a boca
suas mentiras não vão me iludir
talvez iludam por concessão
se eu te deixar mentir
talvez acalme meu coração
suas promessas
vão entrar
na minha mente
e me levar
pra um novo mundo
que vai cair
vai ruir vai ser só chão
e quando tudo acabar
só eu e mim vamos restar
vagando eternamente
em uma estrada
sem final feliz
o corpo macula a alma
a alma dói no corpo
a pressa mata a calma
o muito já engole o pouco
você é igual a todo mundo
e todo mundo não é nada
quando o nada já é tudo
o tudo não importa
nem tudo é tão perfeito
nada é tão ruim
pra tudo da-se um jeito
nada acaba
nada vive então
eles viveram cem anos
com uma arma nas mãos
para mim viver cem dias
é tortura e opressão
balas de borracha
só machucam o ego
atirem, me matem me façam viver
sozinho
Soneto das 3 estações
É em veredas e brasa causa eterna
é em silêncio perene quase inferno
é do corpo inteiro cabeça e perna
é ano inteiro outono e inverno
silêncio calado momento preciso
teu corpo armado missil arma qualquer
doença venérea, vicio,completa perda de juízo
é meu eu perdido em corpo de mulher
ainda que verões, causas e consequencias
batizassem seu nome,
em ti a minha essência
o amor é eterno, inverossímil, bomba relógio
é o pensamento mais insano
insanamente óbvio
Soneto da marca da amada
Que teimem em falar a verdade
e se esconder no esquecimento
que sejam fiéis a lealdade
e que façam perdurar os momentos
e nm mil sóis duvidarão de ti
quando em mim sua marca aparecer
e mesmo ausente estaremos aqui
você pra mim e eu pra você
e tudo é inverno
o mal e a raiz
que sejam eternos
pois te olhar é ser constante movimento
é desviar a eternidade em dois segredos
eu e você eternamente em pensamento
Gran finale
Então é isso,
o sol se vai,
a noite vêm
são treze estrelas
tentando iluminar alguém
mas quem somos nós pra desligarmos o sol?
somente olhe pra frente
o amanhã não importa mais
é essa dor que machuca a gente
fique parado não olhe pra trás
e o teu pulso...sangrando
é a prova
de que está tudo dando errado
e o teu ego inflado
cheio de si dentro de você
nós somos jovens mas não temos tanto tempo
temos tempo pra poder crescer
e depois de crescidos
vamos pensar em tudo que a gente
queria ser
nossos sonhos, nossos pulsos
nossos egos inflados
são a prova que ofuturo
é o presente dando errado
e nosso corpo
supera a nossa mente
a cada dia que passa
o sol fica mais quente
e o seu pulso não para de sangrar
a marca da navalha
no braço direito a mostrar
que foi tudo um grande engano
ta tudo dando certo e ninguém percebeu
encobriu-se
as mentes de errado
e o que era certo desapareceu
você queria fazer seus amigos sonharem
depois de morrer
eles vão sonhar com você
você queria fazer o mundo pensar
corou seus próprios pulsos jogou a vida pro ar
e todos pensaram
por um minuto qualquer
quanto vale a vida
quem realmente sabe o que quer?
e o chão do seu quarto
manchado de vermelho
é a prova de verdade
que todos têm medo dos espelhos
mas....
não adianta
você se foi
e levou sua mensagem com você
e o amanhã virá
seus pais vão chorar
o tempo vai passar
e ninguém vai te esperar
as portas vão fechar
e você ausente disso tudo
sempre estará
mas a dor...
vai te dizer
que era melhor você ter sido
um pouco mais você
andado devagar
pensado um pouco menos
não atravessar a rua
no sinal vermelho
talvez assim
o mundo fizesse mais sentido pra você
Sempre tão pequeno perante os olhos da amada
O dia amanheceu tão eu
sem muito dela
e a porta está aberta
pra eu saber bem
por onde você entrou
e por onde saiu
me esquecendo e te levando
se esquecendo e me levando ao mesmo tempo
tempo que se esvai
tão sabiamente
o sábio se vai e complica a mente
eu não sei mais viver
sem você aqui
onde está o agora
se o ontem ja se foi contigo
só sobrou o pouco
de mim que ainda quer viver
mesmo que sozinho
na praia tem areias
com teu nome escrito
desenhado no caderno
tatuei você em mim
só pra ter...
mesmo que pra sempre
e o tempo não se vai
nada sobra disso tudo
nada sobrará
nada me restou
o apartamento que é pequeno
cabe só minha presença
o meu corpo é tua essência
e o tempo teima em não passar
não sou escravo de ninguém
mas teimo em trabalhar
sem nada cobrar
pra tua lembrança
eu sempre guardar
dias vão
as noites se vêm
eu penso em você
quando penso em alguém
noites sem estrelas
estrelas sem luar
hoje eu acordei sozinho
do meu lado você não está
hoje...
eu acordei sozinho
Aleluia!
Todos são herdeiros
Quando tudo acaba, começa tudo de novo
Se não era pra ser eterno
Era uma mentira bem contada
Aquele quarto pequeno
Batman também se apaixonou
Eu que não queria ver a lua do meu lado
Quando Hamlet tocar legião
Suas verdades são um peso de papel na minha porta
feridas ao vento
mentiras lavadas
pedaços de tudo
jogados ao nada
você mente muito bem
tão bem que já mentiu
pra si mesma
dizendo que é verdade tudo que você falou
e o passado te cobra
um futuro presente
o teu presente ausente
bem longe daqui
dizem que tudo que acontece
tem hora e lugar
há lugar pra tudo
e o nada onde está?
eu estou aqui contigo
uma pedra na linha do horizonte
sou o paralelo da sua linha do equador
pra onde vão todas as coisas
quando saem daqui?
o céu e o inferno
não fazem questão de existir
tudo é limpo...e tão sujo
tão verdadeiramente falso
que da pena acreditar
nosso sangue jorra nágua
onde vive o oceano
a miséria causa a fome
que se junta a vontade de comer
e depois nos saciamos
com pão e circo
o circo passa o pão estraga
e nós ficamos aqui
eu e você
você e eu
nós dois e um mar de gente
um mar de gente e nós dois
nos afogando em alto mar