de mil se fez só um
mil acasos um só caso
de uma noite só
mas com mil por virem
e eu e você
com mil promessas
de um dia sermos três
talvez seja verdade
o que dizem afinal
que no final
todo amor é igual
tudo acaba em fim
quem sabe assim
a gente se encontre
entre mil pessoas
e mil lugares
mil sóis
em nossos novos ares
e ainda sim estamos embaixo de todos
juntos pelo mesmo céu
unidos pelo mesmo chão
separados
pelas fronteiras do coração
mil catástrofes
me guiam ao teus olhos
que massacram meus sentidos mil
te sacio da visão ao paladar
em seus sentidos mais múltiplos e verdadeiros
e somos assim
como houvemos de ser
eu e você
nós dois em nós
vivendo sempre eternizados
em silêncio que corrói a pura alma
eu e você e mais mil verdades
plantadas em um
sempre mais que só dois
Números
Aliás
Mundo de concreto, verdades made in china
falso conteúdo, mentiras de além mar
é a vida que se leva, e dela não se leva nada
diálogos achados em conversas de bar
eu talvez não viva para sempre
mas sou pra sempre enquanto viver
talvez eu ache um motivo
alguma coisa pra esquecer
e dessa selva
teu rosto me salva
me ensina a me cegar
e nessa selva
seu gosto me acha
e me ensina a te amar
é tudo quase nada
e quase nada é sempre tudo que nós temos
mas a verdade mata
não a nada mais que nós não possamos saber
e nessa selva
teu corpo se encaixa
peças de lego,quebra cabeças
dois nós na mesma corda
uma sentença de prisão perpétua
e no meio de tudo você se pergunta
qual é a cor do arco íris
Martin lutero
Tantas coisas já tentei
tantas vidas ja vivi
tantas lutas ja lutei
todas elas eu perdi
tantas palavras eu falei
tantas mentiras pra contar
tantos nomes pra dizer
e somente o seu pra se falar
porque você não vai embora?
porque você ainda mora em mim
porque você não cria raízes
longe, bem longe daqui
tantas noites sozinhas
tantas coisas pra pensar
tantas tentativas em falso
tantas coisas pra falsificar
e o amor é aquele que finge
tão bem que realmente chega a existir
tantas frases bonitas
tantas verdades sinceras
tantas pessoas nessa vida
e em você estão todas elas
porque você não vai embora?
porque você ainda mora em mim?
porque você não cria raízes
longe, bem longe daqui
mas você quando vai
deixa um pedaço em mim
que sou tantos pedaços
muito de ti
não... não quero dizer
que está errada em amar outro alguém
mas tente entender
que eu te amo também
e em meio a tantas coisas
tantas palavras pra dizer
eu só consigo pensar em falar
amo você
As relíquias dos cruzados
Fiz de você o meu espelho
só pra ver em ti como eu vejo você
e fingir acreditar
em tudo isso que inventei
e montei em mil mosaicos
teu nome com pedaços de cristal
que eu sabia que não eram nada mais
que estilhaços de vidro
e vasculhei tua pele
mesmo sem te tocar
e teus olhos me diziam promessas
que tua boca nunca chegou a fazer
coragem nos faltou
quando aprendemos a amar
já era tarde demais
e tivemos que fingir
que era a hora certa
que batendo a sua porta fechada
eu não buscava uma janela aberta
e fingimos tão mal
que cheguei a acreditar
que era tudo de verdade
que eu cheguei a te amar
e escrevi com o batom que roubei de você
um poema tão bonito
que eu nem mesmo pude ler
sozinho
tranquei com seis chaves
as seis letras do teu nome
que eu jurei a mim mesmo
em mentiras
que esqueceria
e com bronze esculpi
tuas formas na minha sala
e desenhei seu rosto num caderno
que queimei com puro incenso
pra guardar todas as cinzas
no meu novo porta jóias
que se chama você
Fomos
Teu sorriso me chamava
como a noite fria chama um café e um cobertor
e eu fui
com teu olhar que me encantava
como uma feiticeira a enganar um enganador
e eu fui
tuas palavras me gritavam
como grita um vendedor de amor
e eu fui
tua pele quente me guiava
como um farol guia um pobre sonhador
e eu fui
mas fui com pressa
tropecei em pedras
caí, ralei o joelho naquele chão
sem farol, sem sorriso
sem semáforo, sem direção
mas eu fui
O exército do quarto rei
De ouro em pó era seu olhar santo
O retorno do carcará
Então domei-te como um cavalo alado
e ao chão me fez retornar
e vontades mil tive de subir
mas, por deus eu não aprendi a voar
e todo o céu e as estrelas
esbanjaram compaixão
com um teu rosto me guiando
consegui sair do chão
e as doces nuvens de saturno
me embalaram em seu dorso
e adormeci em berço d'ouro
em minha boca estava seu gosto
Linhas paralelas
Nesses dias teus olhos tem me guiado simples
simplesmente por um caminho sem fim
nesses dias tua boca tem me dito coisas
coisas simples como dizer sim
então porque você não guia tua boca
por esse rio que desagua na minha
então porque você não pega teus olhos
e me guia até a escuridão
onde o reflexo desses seus cabelos
vem curar a minha solidão
nesses dias tão solitários
você é a solução
uma estrela de brilho raro
um disparo para o coração
não me diga que somos só...
nós somos somente nós dois
não me diga que vai ser pior
te quero agora, antes e depois
então porque você não guia tua boca
por esse rio que desagua na minha
então porque você não pega teus olhos
e me guia até a escuridão
onde de tão escuro eu não sinta tua falta
onde não tenha nada pra fazer
talvez assim eu consiga
não pensar mais em você
que tanto já fez nesses dias
que sempre acabam numa noite estrelada
que é quase sempre tão fria
como um copo de água gelada
e me afogo em cada copo d'água
pensando em teu nome gritar
na esperança que você venha
me salvar de tentar me matar então
por que você não guia tua boca
por esse rio que desagua na minha
então por que você nao pega teus olhos
e me guia até a escuridão
pra gente tentar se encontrar
Primeira do plural
andamos eu e você por caminhos perfeitos
caminhos perfeitos que acabaram em fim
ora, se era pra ser que fosse direito
pois teu caminho ainda acaba em mim
mas você se perde em cada curva
desvios de alta periculosidade
e eu fico sempre dirigindo na chuva
gritando seu nome por toda a cidade
onde mora o teu hálito
que gosto deixou em minha boca
onde estão seus hábitos
de lua cheia, de cigana louca
fizemos um porta retrato
de fotos que não eram nossas
nos escondemos embaixo
de máscaras, caras e bocas
se era pra acabar que acabasse em fim
e não em um começo qualquer
se era pra ser que fosse assim
tão absurdo quanto amar uma mulher
nós conquistamos o mundo
mas perdemos nós dois
podíamos ter tudo
mas deixamos pra depois
nós estávamos lá
com a corda laçada
nós queríamos tudo
e acabamos sem nada
éramos nós
éramos dois
éramos sós
éramos pois
nós não éramos nada
Tão breve pra ser tanto
Triste talvez seja acordar em meu quarto frio