Par

Eu que nunca pisei na cadeia
tive uma vontade tremenda de roubar diamantes
Raros..Castanhos, as vezes mais escuros as vezes mais claros
dependendo da luz

Eu que nunca cri muito em deus
Vi um anjo na minha frente
em um vestido branco, quando me beijou
eu que nunca cri muito em deus ressuscitei

Eu que nunca fui fã de amar
te vi e mudei de idéia,como não mudar?
eu que nunca conheci nada mais belo
do que teu corpo inteiro acompanhado com o meu olhar

Eu que nunca fui de ninguém,
nem meu, pra dizer a verdade.
De repente me pego me doando ao quadrado
me esmolando pra ver se tu aceitava e comigo se deitava
e aprendia a me amar

Eu que nunca fui fã de poesia
ora, que ironia, aprendi a rimar
Eu que nunca fui belo, em teus braços me sentia
o próprio narciso na terra
e tu minha Afrodite no ar

Eu que nunca fui fã de mitologia
te idolatrei e te beijava em ritual
Porque seu corpo é minha poesia
teu olhar minha fé
nosso amor meu carnaval

Eu que nunca fui muito de indecisão
depositei meu futuro e meu mundo
na palma da sua mão
eu que sou tão vagabundo
perdido em meio ao mundo
nas elipses perfeitas de seu olhar
achei minha direção

Eu que nunca fui muito de mim mesmo
agora ainda menos
depois que te conheci
não tenho dono nem direção
nem fé nem força de vontade
meu bem, eu só tenho a ti

Eu que nunca fui muito de falar demais
por ti palavras nunca são demais
eu que desaprendi a mentir
eu que não sei mais de nada
eu que te encontrei por acaso
assim, meio largada
tu que me encontrou vadio, procurando alguém pra amar
eu que nunca te fiz me amar...

Bolero, dança louca desenfreada
em que falamos, sem dizer nada
e calamos pra assim falar
eu que nunca fui muito de ópio
encontrei em tua alma, um vício pra me drogar
tu que estava assim perdida,
me encontrou pra seguir na sua vida
mesmo sem você querer

E nessa valsa maluca
em que eu fantasio sua nuca
enquanto tu me beija voraz
nessa dança sem tempo
de eterno nunca em movimento
eu me fico a perguntar
será que isso vai dar certo?
será que sobreviverá ao tempo?
quanto tempo durará?

Mas então como uma epifania
eu te vejo qualquer dia
e a dúvida acaba já
é que é mesmo um ironia
como a vida algum dia
resolveu nos juntar

Tu com outro na cabeça
eu contigo no meu sangue
tu ocupada e tão madura
eu tão boo e infantil
tu cristã e eu ateu
no que será que isso vai dar?

É que não pegamos atalho,
e mesmo com cara de paspalho eu sei
que nessa valsa maluca da vida
tu sabes que a gente sempre será
apesar dos pesares
o encontro de nossos olhares mandou avisar
que quando eu te encontrei por acaso
e me achasse por atraso
destinados ficamos a ser um par

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pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte