Enquanto insinuas com tuas ondas brandas
Promessas surgidas de palavras tantas
Que põem a formar um poema qualquer
E eu me perco nas ondas a procura de casa
Abrigo do mundo, profundo lar de contemplações
De repente eu me vejo perdido
Buscando um porto em águas profundas
Sou só eu contra o mundo
E pra mim já basta nadar contra a maré
Que é pra parar no lugar
Quem é que liga pro fluxo
Quando é tudo fruto da exatidão, eu quero é complicar !
Me deixa fluir,que eu só quero brincar de ser rei
Por minutos fingir que eu sei, exatamente o que eu sou
Me deixa mentir, dizer que tudo é igual no plural
Você e eu afinal, vamos um dia ser só nós
E então, água e sal em teus lábios,
Os sete mares na tua língua,
E então pouso no repouso,
Tal qual mariposa pousa no ar
E para como quem paira no tempo
Que é pra eternizar o momento
Em que nadei contra a correntes
Dos choros dos descontentes com o amor
Mas quem voa mesmo que depois caia
Desconhece o sabor de morrer na praia
Fluxos descontínuos de um coração que rema manso
Começos quadrados
Me sustenta
Varal de estrelas
Sarau de constantes horas
Par do espaço
Lavrador de sonhos
Recolhedor de impostos
Cobrador das dívidas terrenas
Dono de todos os relógios
Quando estou só envelheço
Acompanhado disfarço
Frustrado por te ver fugindo cada vez mais rápido
Meu velho amigo que me acompanha
Tal qual minha sombra, lado a lado
Mas mesmo no escuro não me deixa só
Tempo...Tempo...Tempo
Tu que passas lento
Me prende ao momento
E então me contento com o agora
Que é toda a hora que eu tenho pra gastar...
Diante dos ossos
Descansa coração aplumado
Acostumado com as tais coisas da vida
Inocente caçador de paixões, devorador de choros
Rival da razão, tu que vive em meu peito
No frio se assanha e desanda a procurar carinho
Em braços que depois te maltratam
De repente tu que tanto fez por mim
Me machuca e ponho a declarar-te infiel
Pois hoje o dia pôs-se a por si próprio me dar alegria
Então te retira por um dia
E vive tuas coisas de natural amante
Não que tu seja errante, ou qualquer coisa assim
Só não sei mais se te quero pra mim
E duvido até mesmo se um dia te quis
Ponho a questionar-me das noites que graças a ti
Escrevi em meu quarto, canções que ninguém nunca há de ouvir
Tu que delira de amor por engano, massacra meus planos
E depois te recolhe em choros e prantos
Coração mimado, refém do pecado do amor
Sem queixas te declara culpado, por pura vontade
Mas no fundo não me conheces metade do que eu conheço você
Coração delicado, eterno apaixonado pelo meu sofrer...
Paridade de dois...
Talvez se eu fosse par...
Ver a dois o sol brilhar na mesma praia
Pegadas de quatro pés
E então não ter mais medo de caminhar
Sozinho
Mas quem sabe dessas coisas de nós dois?
Meu bem, me diz qual o caminho que eu pego um atalho
E quem sabe te descubro pelo avesso
Me dá teu endereço que eu vou te ligar mais tarde..
Quem sabe a gente possa ser o tal casal feliz?
E então meu bem,na janta ou no almoço
Devoro o teu pescoço tua voz eu ouço como um disco bom
Meu amor te dou mais uma vez meu coração
Faça o que quiser é teu então..
Não há mais,sem mais porquês e nem razões
Eu ando por aí em algum canto,eu nem sei mais
Sou só migalha então, na boca de um passarinho
Mas vou te alimentar no ninho e assim serei teu par...
Me queima com teu fogo, fogueira
Me doma com tuas rédias , freia
Me canta uma canção qualquer
Que eu vou dizer como é viver
Só pra amar uma mulher...
Boas vindas
Negros botões, par de seus olhos
Porta de entrada prum corpo claro
Laranja tua franja, amarelo claro
Ou outra cor entre a tangerina e o sol
Teu rosto sereno, explícito rito
De passagem aos braços
Cor de cristal
Teu cangote lírico
Verso branco e livre
Perfeita poesia
Me abriga como cobertor
Nas noites frias
E os átomos todos livres sem vida
Orbitam como eu em torno do teu umbigo
Dançam sem cor como tudo em torno de ti
Meu desejo raro ímpar impulso
Tua boca cor de romã
Teus passos na porta
Tentando chegar
E a lua do alto comigo fez pacto
Pra brilhar mais forte tal qual holofote
Focando seus traços pra te recepcionar...
D" ISA Belle
Vagas com tua pele rara
Aurora clara
Recitando palavras
Com teus lábios,cristal, avental de sóis
Põe-se a repousar tal santa
Com tua garganta e todo o resto espetáculo
Circo, teatro, arte em tua retina
Dona da minha rotina, quase musa
As vezes ninfa,quase rosa, bromélia, flor sem nome
Bela, insaciável donzela, devoradora de calma
Lado a lado, sorriso assim indecifrável
Hieroglifo em teu semblante,
Moça, desabrochada flor à flor da pele
Poesia, teus traços a qual nem de longe se repele
Beleza profetizada pelo nome ao qual se refere
Relógios parados..
Aqui há tanto de não e de sim.
Logo aqui que há tanto de tudo
E tão pouco de mim
E eu fico assim
Indignado com a duração das horas
Que vem, se alimentam de mim e vão embora
Quanto dura a lua, quanto dura tudo mais que há de durar
Ora...não quero saber dos astros, me diz quanto dura o seu olhar
Verde-raro quase assim de plenitude
Me diz quanto dura teu querer
Me diz quanto dura tua virtude
Que tudo há de passar eu sei, mas quem sabe quanto durará
Se tudo ha de ir embora não sei, mas me diz quando vou te ver voltar
Eu nunca quis saber do mundo, nem dessas coisas que duram
Quero saber do teu amor e gosto, que suas durações não sumam...
Lenda.
Deixa o sol brincar de ser
Um só e mesmo assim brilhar
Que eu sigo aqui cansado de andar na contramão
Deixa estar, meu bem
Que eu vou sentir o gosto do amanhã
Mesmo sem querer, eu vi a flecha me acertar não por amor
Mas por prazer
E então vamos sonhar, com passos largos caminhar
Sob o mesmo céu, e o mesmo pedaço de chão
Deixa as flechas mortas acertarem o coração
Que por amor ou por prazer, por sorte ou compaixão
Continua batendo...
E tudo bem, o amanhã vai florescer
Em um jardim qualquer,
Reza a lenda, que ela foi feliz
E mesmo assim trocou o seu sorriso
Por um coração calejado
Cansada de desilusão
Escolheu entre o acaso de um sorriso bom
A esperança de quem sabe dessa vez
Viver um caso de amor com seu coração.
Sorriso pra ninguém ver
Já ta tão longe assim amor?
Me diz ao menos do que ficou
Preu guardar de lembrança...
Já ta tão distante assim, meu bem
Teu gosto do meu paladar
Ainda tem seu lugar, na minha cama...
Já faz tanto tempo assim, meu bem?
Eu já nem lembro tanto...Que teu lugar pra outras dei
Mas no entanto, é teu...
Mas se você quiser abrir a porta
Ainda guardo a tua foto atrás do espelho
Ainda guardo sua marca em minhas costas...
Mas se você quiser não ir,
Eu te desejo boa sorte ao voltar
Vai ser difícil eu sei, te acostumar a me amar
De novo...
Mas não demora muito, que o café tá quase pronto
Eu coloquei teu prato a mesa, preu ser sozinho só um pouco
Ainda vivo da lembrança que eu moldei do teu sorriso
Desculpa...
Não faço questão que apareças no jantar
Sei que tua casa ja é em outro lar
Mas deixe ao menos o endereço
Caso um dia eu resolva te visitar
Pra te dizer...Bom dia, como vai você...
Dar pé
Ainda não achei as respostas
Que me fizeram procurar na lona
Quando o beijei o chão disseram que foi por amor
Chamaram de declaração
Mas se o amor é maior que o céu
É bem menor que a convicção
Mudei tuas idéias de lugar
Pra dar lugar a mais de mim na sala
Que eu pintei da minha cor favorita
Pra me lembrar de viver a vida
Do jeito que é pra ser vivida
Do jeito que eu não sei qual é
Então eu procurei as respostas
Que a vida devia ter entregue em minha porta
Sei lá porque, talvez por comodidade
Me perdi na vontade de ver o tempo passar
E na contagem do relógio eu vi a terra rodar
E eu fiquei com o mesmo gosto de desilusão
Vai ver é só a vontade de ser feliz sem saber como
Mas vá...Quem é que pode me ensinar a sonhar?
Sou só um homem com o coração na mão
Entregue a vaga ideia de manter-me louco e são
Na minha sala vejo teu sol meio entreposto na cortina
Que é só o desapego ao qual tentei adequar-me
Vejo teus olhos batendo a minha porta
Que bobagem exitar em abrir
Tu mesmo longe , sabes bem
Sempre esteve aqui
Entre e vamos dividir o café
Ouvir um disco bom
Vem que o mundo é nosso
Vamos nos afogar em lábios
Até deixar de dar pé.