Aqui ainda tá escuro
Em passos e assobios
Ouço o vento me chamar,
Se liquifazer, em nada mais que pensamentos
Vem , que o ontém inda tá fresco, na cabeça eu te mereço
Mas não é assim no meu fazer
Vem, que eu hei de achar razão
Pra lutar pelo outro dia, mesmo que o preço do querer
Seja alto pra pagar
Vem , que o escuro já me chama, e sem ter-te em minha cama
Não há motivos pra acordar
Vem, que as razões do edredom, gritam em alto e bom som
Pra você se deixar levar
Vem, que eu me devoro insaciável,minha pele impenetrável
De aço é fácil de sangrar
Vem, que eu ainda me recordo,das ações de outro dia
Quando em meio a ventania seu cabelo
Pôs-se a flutuar
Eu que nunca tive medo, do pulsar de seu segredo
Ouço em um violão, recitado em dedilhado
Que quem errou foi o passado de traçar em paralelas
O futuro de nós dois
É mesmo estranho ouvir a porta rangindo
O amanhã em meus ouvidos
Sussurrando uma canção,
Meio assim desajeitado
O presente é o passado das certezas do depois
Vem, que a solidão me apavora
Enquanto ela me devora, e explana sua glória
Eu estou só no meu quarto, junto ao porta retrato
Sem foto alguma na parede
Nada mais do que os alardes de uma alma sem ninguém
Sem saber se teve ou se terá alguém pra me acompanhar
Quando o inverno bater na porta e por fim decretar
Que se importa com a alegria morta que eu ponho a declamar
Nesses versos de inverno, quente como o inferno em minha garganta
O gosto de devotar a santa do meu bem querer.
Santa solidão proclamada, que sem ti não sobras nada a não ser
O espaço que existe, dentro daquele que insiste em existir sozinho
E reclama do caminho que ele mesmo escolheu.