Títulos não fazem promessas

Contemplo o universo mudo
Que retêm as palavras em favor das idéias
E despenca ondas de ideais no mar
Vertiginosamente a morte afronta a vida
E o confronto é este estágio letargio
Ao qual nos apresentamos

Pois se quero ser forte de certo a fraqueza em mim impera
E é do confronto que faz-se todo o movimento
Se quero ser livre me aprisiono na possibilidade
E é desse confronto que faz-sem as fronteiras
Pois se quero de certo não posso tê-lo
Mas se tenho o que quero isso até pode me fazer feliz
E o preço de se ter aquilo que se quer
É se contentar em ter aquilo que um dia se quis

Se confronto o tempo porém,
É dele o desprazer de envelhecer-me
Pois de certo das rugas do tempo
Muito mais que as respostas,a dúvida e a solução
Com o passar das horas, tudo que do tempo resta
É a solidão

Já era de alguém falar mal do amor.

Honestos...Teus dedos tímidos
Por de trás de teus cabelos plácidos
Se escondem como a letra H da palavra hoje
Por mero capricho da beleza, a cereja do bolo
Teus gestos sinceros, quase como quem tem vergonha
Do sorriso que carrega pra teimar com o mundo
Um olhar que domina, contraste quase perfeito
Entre a fragilidade da pena e a grosseria de bater as asas pra voar
Talvez por mera coincidência a luz parece sempre curvada
Pra fazer o ângulo certo na tua silhueta e então se perder por aí
Na harmonia quase metódica do teu queixo, eixo de inspiração
Há algo impossível de descobrir, retratar, até que se revele
O mistério indefinível de descobrir a tua pele
Como um anjo a procura de um pecado pra punir
Eu me encontro a procura de te perder por aí
E aí já é tarde, meu coração possessivo
Te chama de minha, quer morar no seu umbigo
Mas eu duvido da chama que não arde
E dos poemas que não sabem rimar
Eu duvido da arte e do jogo
E de todo coração que aprendeu a amar
Eu duvido de verdade da honestidade
Dos teus dedos sinceros a procura de um par.

Jazz

Não há refinaria

Com tanta qualidade
Como quando eu te refiz
Sem mais finalidade
Só meu bel prazer

Não há raiar do dia
Com tanta vontade
Com a ferocidade 
Desses olhos teus

Não há leão faminto
Com tanta fome
Quanto tenho pelo seu nome
Por te pronunciar

Não há catedrais com tanta pressa
Quanto a que tenho esta
De te anunciar

É que eu sou calmaria, rotina dos dias
O avanço da maré
E você é embaraço, pernas de bailarina a se embaralhar
Você é a vontade
Desesperada
Que eu tenho em sua boca
E no que mais te há

Teu corpo é uma rara descoberta
Coberta de você em ti muito de si mesma há
E eu fico aqui desesperado
Procurando a falta de um pedaço
Pra poder me encaixar
Vê se te quebra, mas não se despedaça
Que por pura trapaça, com o que me sobra
Vou te remontar

Almoço de terça a tarde

Não sobra muito...
Entre o atrito e o contato
Quase não há espaço pra se analisar
A melhor escolha, a hora certa de tentar
Deixa assim ao acaso
Que até o atraso às vezes faz bem.
Me diz o que o relógio diz do tempo?
Ele só dá a medida do que não se pode calcular
Infinitamente, sou muito contente em não poder contar
A duração de dois lábios apaixonadamente pondo-se a beijar
Ou mesmo o fino trato do nascer da lua do outro lado da rua
Desafiando o ar.
O tempo é  uma lenda que corre
Personagem de folclore no mundo real
Ou será somente, mais um ser descontente
Por cada vez menos gente lhe prestar atenção
É que quando a vida lhe faz contente
O tempo de uma vida cabe em uma só mão.

Inexata

Lá se vai o tempo...
Passando como quem não quer nada
Lá se vai o tempo, manso e fera
Calmo e sorrateiro tempo.
Lá se vai o tempo levando consigo
Tudo o que se deixa levar.

E pra vocês eu deixo a rosa carcomida
A flor ferida
A flor repartida
A rosa querida
O girassol oscilante
A flor de antes
A rosa partida
A flor doída
A rosa das idas
A rosa fodida
Desiludida flor
Da solidão

Atrasada !

Há um mal entendido, mal resolvido
Em meu coração
Há uma porta entre aberta
Uma dor operante
Uma dissolução
Quando foi que eu te dei permissão
De tirar de mim a razão,
Onde estava você, quando eu quis saber
Quantos pratos pôr na mesa
Você chegou bem na hora do jantar
Quase tarde demais pra consertar
Qualquer ofensa
E a tua recompensa foi me tirar da mesa
E me deixar vendo televisão sozinho
Mas tudo bem, ninguém estava errado
A paixão é uma tragédia sem culpados
E por isso não tem solução.

Notas de rodapé !


Vi-a sem aviso prévio
Devorei-te com meus olhos mudos
Que não podem gritar por ti
Nem sequer dizer seu nome
Meus olhos mudos emasculados
Incapazes de lhe dar prazer,
Tesão ou ternura
Meus olhos mudos e emasculados
Agora cansados de te perseguir
Meus olhos mudos, emasculados e cansados
Insaciáveis de vontade de ti
Meus olhos mudos, insaciáveis, emasculados e cansados
Andam tristes por te ver partir
Olhos mudos, emasculados, insaciáveis, cansados e tristes
Se mudaram de mim, são seus noivos eternos
Presente sincero, de um amante vulgar.

O encontro das águas

O amor não é fase
É catarse
É pele , boca, água e sal
É sangue e suor, é frio e calor
E muito mais

É como um oceano
Que leva embora
Tudo o que mais tarde de novo trás.

Nossa bossa

Meu bem, onde você deixou nosso amor?
Que eu só achei a metade largada por aí
Me diz onde você largou a calmaria
Que eu já cansei de fechar a janela por causa dessa chuva
Que não quer passar


Pra quê guardar um coração despedaçado
Num peito doente que só quer carinho
E um outro par pra ajudar a curar
Essa ressaca de amor
As vezes é melhor nem lembrar
Prefiro

Veja você, a gente jurou dar um nó
E hoje somos duas pontas
Dói, mas eu troco afagos com a dor
Que aprendeu a me amar como sou
Um eterno sozinho.

Pois é, mas lembra de mim , tá
Como quem lembra de alguma manhã
Que eu carrego uma febre terçã
De lembrança do teu calor.

Cola

Teu colo sincero com gosto de ti
Tão bela , tão linda, que as coisas mais belas
ficam sempre mais lindas na tua retina
Na tua rotina tão fascinante
De dias iguais sobrepondo-se

Eu me apego ao teu cheiro
Faço casa no teu ombro cheiroso
Faço da tua pele minha roupa favorita
Nem adianta ir embora
Meus olhos são teus noivos eternos
Como um cão fiel ao seu dono
Vai, mas já levou de mim uma parte
Então nem querendo de mim
Você vai se distanciar

Ces"t la vie !

Diz com gosto que eu sou sua menina
Com tuas manhas e voz de carinho
Me machuca ver teu olhar sozinho
Assim tão longe do meu

São só grãos de areia lá longe
Mesmo assim eles podem cegar
Moço,de cara levada
Me chama de sua e por nada
Por nada vá me abandonar

Que eu sou refém das tuas costas
Do teu abraço
Do laço que cê jogou em volta de mim
Meus olhos só, do meu corpo tão seu

Menino, eu sou sua escolha
Mesmo que não essa hora
Pare o relógio, mas não se atrase
Se quiser eu te ensino de novo
O caminho pra casa

Me guarda no bolso
Só mais um pouco
Mais um abraço
Quero sentir os teus braços
Me despedaçando aos poucos
Roubaram teu cheiro de mim
E eu fiquei assim sozinha

Mas deixa pra lá que eu tô até aqui de solidão
E solidão uma hora é demais
Rezo pra chuva acalmar meu coração
Mas nem o vento forte te trás mais de volta

E a promessa que a gente não fez de não sair do edredom
De dividir o cobertor
E cultuar nossa preguiça

Ah mungo enganador
Talvez seja só mais um erro meu
De acreditar nas promessas
Que ninguém prometeu.

Desconheço

Pra dizer a verdade eu não entendo nada do amor
Não consigo gostar do que dói
Nem odiar a sensação de acordar numa quarta
Com o clima chuvoso, com as nuvens escuras
E manter um sorriso na cara
Onde qualquer pessoa que mal me conhece
Podia ler seu nome escrito nos traços do meu rosto.

Como entender o que machuca por opção
E não deixa opção de se sair do jogo
Como um menu mal feito de um jogo sem vencedores
Ou pelo menos em que não se vence sozinho.
É uma curva estreita, um passo arrojado
Uma cama bem feita, dois corpos deitados
É um disco bom ou um livro chato
Uma refeição, sorrisos no quarto

Pra longe os intelectuais do sentimento
Aqueles que teorizam seus olhos
E fazem comparações com safiras e esmeraldas
Que não entendem a dor da falta
Nem conseguem captar a beleza do seu queixo
Pra longe quem diz que entende o amor
Que sabe das coisas que ninguém ousa saber
O amor é uma guerra, santa, morna, fria, quente
Que em honra a você eu não ouso vencer.

Braços de linha

Lembra que eu pedi
O teu sorriso emoldurado na parede
O teu nariz arquitetado 
Traços de Niemeyer esculpido a luz do sol
Se você vier

Vou te enfeitar com a chuva
Teu corpo mais que um planeta
Me faz orbitar sobre o seu umbigo
Centro de gravidade.
Antes o abraço que o perigo
De perder a própria liberdade
Vamos andar na corda bamba
Acreditar na história
De amores impossíveis
Culpa a realidade
Que a vida é desleal com os sonhos
E daí?
Me deixa sonhar contigo
Lubrificar o teu ouvido
Com versos sem rima
Sobre a cor do seu cabelo
E sua cara ao acordar
Beijos, meu bem
Ainda te levo em 3x4 no meu bolso
Oi amor,te amo tanto
E o que é que tem a vida
Se ela for vivida a dois?

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte