Soneto inacabado

Sem teu corpo verão prum inverno tão frio, flor
meus passos se entrelaçam em pedras mon amour
eu me desfaço em versos cinzas tão quase sem cor
que me estilhaço só de olhar seus olhos céu,cor de azul

Se me deito em minha cama, solidão me acompanha
me distrai, me seduz, se tento vencer ela me ganha
e como areia nas ampulhetas do tempo, me rendo
ao teu sorriso devastador como o vento, me vendo

e só sendo como o sol pra brilhar mais que teu sorriso
é que insisto, bem, se vejo teus olhos me cego
mas da cegueira de te amar tanto preciso

é que é quase exato a medida do tempo
mas inexpressivo o fato de te amar nesse momento.

O poema do dragão

Selei a ouro o teu sabor numa carta
que hoje escrevo pintada a sangue
quantos dragões existem entre o céu e o inferno?
princesa eu sei que és tu a luz
e que teu sopro há de congelar o fogo
mas o inverno é longo e a espada corta a carne
meus sonhos de sal se dissolvem na areia
e só me resta a chuva pra levá-los pro alto
as brumas de avalon... o futuro em tuas mãos

Te mando metade de mim, te mando ouro e rosas prateadas
te mando metade da lua, te mando o diamante do rei
cartas que escrevo se perderam na guerra
e hoje eu domo a luz como quem ara o terreno
minha deusa és tu minha fé
por que proclamo perdão por morrer
e abandonar teu coração partido em dois

Quando vires cair as últimas lágrimas da serpente
eu escrevi pra ti essa carta, pra ser guardado eternamente
suplico-te não revides meu amor desperdiçado outrora
nao feche teu coração para com quem por ti chora

Pois se és tu ó dama princesa do reino do meu coração
evoco-te então uma súplica, para que não fiques sozinha
pois vou-me nas sombras para junto do dragão
mas suplico-te não morras de desgosto por chamas-te minha

então sou a espada fixada em tua porta
o vento que sopra em teu cabelo doce
sou a prosperidade em tua horta

sou a espera por sê-lo
eternamente o que importa

Concertos para amor e ódio

Então eu me deito, revolto por ordas de sangue
numa caverna escura feito um verme barato
tocado pela carne com medo do mundo
nem sequer sou vivo, nem tampouco morto
nem faço sentido, nem sou loucura
insaciável vontade insana do mundo
de me aglutinar em meio a cabeças pensantes
irracional no plural, no coletivo, na matilha
e então no escuro ver e não ver com os olhos abertos
é ponto de vista apenas
causalidade...talvez
a vida passa pelos dedos da mão
numa ampulheta escrota
lógica e verossímil
nada de mais
e eu fico fumando um cigarro pra ganhar a vida
enquanto minha vida sonha em ter o tempo de vida
da vida do cigarro que se perde em minhas mãos
chega do compasso do coração batendo acelerado
no ritmo de uma paixão qualquer
a insonia é minha amiga, inimiga dos meus sonhos
tudo é em nome de deus
que se foda deus e o mundo
o meu mundo é descompassado
é arritmia
é sujo e cinza
eu gosto mesmo é do desatino
obra do acaso
mero acaso...
mas não por acaso
eu gosto de você

O banco da pracinha

De longe o vento voou
e eu ainda estou aqui
correndo devagar
tentando então como o ar
fluir e deixar levar

De perto o caule deu flor
e tal qual primavera brotou
o perfume que anda no ar

Tão frágil a flor desbotou
é que nos tantos caminhos da cor
o cinza é sempre melhor que o preto e branco

E fingir no papel que se é mar
que mistura rios no singular
é quase como acreditar
que as estrelas são olhos de safira

E desbota a inteira via láctea
tão inquietante a abelha dança pra mostrar a direção
é que se é tudo igual no plural
ser só um é desperdício
é quase um vício de linguagem
o tal do meu eu interior

Mais pra lá do que pra cá

Se for pra brincar de ser feliz sozinho
aceito a condição de sem ninguém do lado
esperar um lar, carinho a dois, dois pratos na mesa
sobremesa e conversas de amor na cama

é que pra ser feliz basta acordar de um sonho bom
um lugar bacana, um espelho no banheiro
e a solidão às vezes
que é pra ter saudade de quem é importante

mas meu bem, não tente entender a filosofia de um boléro
é que se valso sozinho em teus pés não piso
e nem corro o risco de ficar calejado
é triste de ouvir, ,mas tudo bem

e se eu fui criança por te amar demais
por me apaixonar por teus lábios sorrindo
tudo bem amor, eu aceito a condição de ser o peter pan
e tal qual amellie poulan brincar de amar mais uma vez

é que amor assim adulto feito o teu machuca demais
não saber se sim ou jamais, esconder que chora sozinha
então agora eu vou brincar de me esconder no meu quintal
e ver a solidão seguir seu curso natural
até eu achar um outro alguém

Pois bem, aprendi a brincar sozinho mon amour
seguir viagem, liberdade e coisa e tal
maybe one day: how are you? im fine thanks boy
um café um xau bem dado goodbye
arrivederci  então, sem ressentimentos

Cachaça barata

Eu vejo a solidão nos retratos
em preto e branco nas paredes tão coloridas
nos sonhos que hoje não passam de paredes cinzas
na tv ligada no mesmo canal que você deixou
na padaria onde a gente ia comprar nosso lanche
na minhaescada onde a gente se amava escondido
na minha boca que costumava sussurrar no seu ouvido
eu vejo a solidão em pedaços
no copo quebrado no chão da cozinha
nos traços do coração que desenhei
pra te pedir que você fosse sempre minha
no embaraço de te dizer eu te amo no telefone
e não ouvir resposta
em te ver hoje tão sua e achar que ja foi nossa
eu vejo a solidão me dando bom dia no jornal
nas notícias sempre iguais a dias quaisquer
eu vejo a solidão estampada na marca no pescoço de batom de mulher
e se ela me sorri por pura cordialidade
sorrio de volta, em devaneio
é que entre tantos males em ser sozinho
a solidão é o que mais odeio.

Igual no plural

Eu disse pra você confiar em mim
mas não te pareceu honesto
as condições que eu coloquei
falar de amor...
Assim é complicado eu sei,
julgar o que não foi por vias de fato

E hoje eu que não sou,
te escutei dizer pra alguém
que foi e que é, o que não se sabe o quê
 quem foi que falou que isso vai mudar?
eu não escutei, não pude então evitar
dizer o que eu falei, só pra te maltratar
sabe-se lá motivos eu nunca tive ou dei
pra não se acreditar

E as coisas que eu falei depois
de já ter sido o que se foi e não se sabe ainda o quê
eu cuspi da boca pra fora e arranhei teu bem querer
é que eu nunca consegui entender se era eu
a quem eu devia culpar
é que eu nunca entendi direito o que foi, o que é o que será
mas deixa pra la

E eu te falei...Deixa pra lá
mas nem eu e nem você de fato deixamos
e eu te falei...Deixa pra lá
mas ninguém consegue deixar
eu só queria então dizer que eu sou sentimental
e coisa e tal, mas deixa pra lá
eu disse e nunca fui, o que se dá pra esperar

Eu nunca fui o que se da pra esperar
eu nunca fui, o que se espera de mim
e mesmo assim você foi igual ao pouco que eu esperava
eu ainda não sou o que se espera de mim
e nem sei dizer, se um dia eu serei
eu ia me desculpar um pouco, mas deixa pra lá
tu também nunca foi, nem tampouco fomos
deixa pra lá...

Roleta russa

Me diz com clareza e exatidão
que o seu sorriso em outras curvas se perdeu
é que a certeza arde mais que chumbo quente
e marca como batom no domingo a saudade de teu cheiro bom

Onde estava o vento, quando meu barco naufragou?
eu chamei teu nome em pensamento, mas você não escutou
e eu que sempre tive medo do escuro
fechei os olhos pra chorar em paz

Meus pés pisam num chão que não é meu
Teu corpo chama o meu olhar tão fácil
Na delicadeza de uma flor o espinho é desilusão

Olha pro céu que ele é seu destino
a liberdade de um rio nu
na clareza da certeza de seus olhos
e a insensatez do momento é ter que passar
enquanto as verdades respiram fundo
pra me afogar no teu esmalte cor de azul

A cor de prata de teus olhos claros
é o gosto de cachaça barata em minha retina
eu desenhei as tua pupilas na imensidão do meu teto

No meu revolver escrevi teu nome
que é pra eu ter a certeza de morrer pelas suas mãos

O beija flor

Eu vou dizer que posso me negar
sem ter que satisfazer
o desejo estranho de te olhar

eu vou me corrigir sem errar
mas não pense que estas a acertar
não faço isso por ti, é que se sou feliz
a outra metade me corrige e me corrói

é bom fingir que sei de vez em quando
como é bom estar por perto, do desejo de estar certo
mesmo quando tudo é imperfeição

E se for pra me ver falando
é melhor ir logo pulando em um bloco de carnaval
e se as palavras não lhe parecem fiéis minha flor, calma
que o vendaval não há de desarrumar os seus cabelos


pois ouvi que os girassóis são mais felizes
quando o sol se esconde sobre o mar
pois é aí que os vagalumes se aproximam
e na ausência do sol girassóis eles põe-se a beijar
e eu que hoje estou preso no meu bem querer
é que quando não tinha nada
aí mesmo perdi tudo
quando batizei meu mundo
com o mesmo nome que tu tens

feliz é o beija flor que pode se dar ao capricho
de beijar a flor que eu te dei
é que antes do final de cada amor
lembre-se que por sua mão já passou
a flor que beijei e antes de mim foi beijada pelos lábios do beija-flor

Do lado de lá

É que hoje eu ainda quero sorrir
e ver na luz das fotografias o inverso do meu passado
que se passa nos versos que eu escrevi ao te ver passar
é que do pensamento que eu era dono se apossaste
e do meu rastro fizeste fogo e pólvora

em outros pólos hoje vejo o sul degladiando o norte
e as incríveis vozes de um coral qualquer
me lembram na música que ouço na rádio
do suicidio que é amar uma mulher
mas hoje é inverno e fez quarenta graus
lá fora chove mas a grama já ta seca
cadê a vida que eu larguei em algum lugar por aqui?

ouvi dizer que o seu batom tem a cor dos meus lábios
mas o mundo continua tão igual
e a fé dos fortes hoje refugia os fracos
e os melhores goleiros sempre falham na final
mas de que me adianta correr?
se a montanha está cansada e maomé não aparece
de que me vale sofrer? se da solidão o tempo sempre se esquece

em outros braços hoje eu vou dormir
da solidão sozinha vou me acompanhar
vou aprender a ser feliz na marra
que é pra nunca mais eu ter razões para te ver passar
e se por acaso alguém perguntar onde eu fui?
todas as bussolas estão quebradas
e o meu relógio não tem hora marcada
porque hoje eu acordei abandonando a minha dor

Coquerais

Hoje eu quero um afago sincero do mar
me perder sob a sombra de uma árvore qualquer
hoje eu quero brisa e brasa
ar fresco na janela, um abraço do sossego
um carinho dessa calma, que a vida cotidiana
sempre tenta me roubar

Hoje eu quero brincar de ver a lua se esconder das estrelas
quero vestir um chapéu de pescaria, ver a noite virar dia
hoje eu quero me doar pro chão assobiar uma canção
acariciar meu violão, hoje eu quero ser feliz por meros segundos
esquecer de tudo que me liga a esse mundo

Eu quero uma viagem ao fim do mundo
quero uma valsa com forró pé de serra
quero nadar num mar de tubarões
quero ver os olhos nus de uma donzela
me olhar pela janela e me beijar de amor

É que ver os coquerais dançando
me lembra que o pior já passou
e a eternidade é mesmo muito longa
pra ficar se lamentando
e pra morrer de amor

O seu relógio

Se te ter for só pensar em ti
eu nunca te esqueci
não me recordo pois
de ter o seu querer
quem sabe de fato o que é sentir amor?
não quero entender
se de fato amei você ou se sequer já fui amado

se te ver for só querer a ti
nunca me livrei da tua voz no meu ouvido
do teu gosto em minha boca
mas quem de fato sabe o que é querer alguém bem mais que a si?
não quero saber
o que te faz assim perfeita

se te ter for só sonhar em ser
do teu quarto a parede
da tua crença a fé
não quero mais ter
que dormir com medo do escuro

Se me perder for de fato te ter
não quero te encontrar
que é pra não lembrar
do quanto eu me perdi
pra poder te olhar
do quanto eu te pedi, e você não pôde me dar
que pena
não da pra saber quanto tempo vai durar
os segundos da incerteza da certeza de se amar
quanto tempo faz?

Que horas eram quando encontrei meu grande amor
já não sei mais, em que avenida te ver
em qual dos seus sorrisos te achar
nem sei porque
mas já me esqueci de te amar
hoje estou só
mas sozinho não conheço mais o gosto
que tinha o meu desgosto pela manhã

Divórcio

Ando brincando de carinho com a solidão
Meu coração distribui abraços
como quem lava pratos
com nojo do que resta
mas um dia o sastisfez

Lavo meus pratos, mas guardo a comida
pra que um dia seja servida sem desperdiçar
meu coração é um prato usado, quase descartado
mas o almoço ta guardado pra que na hora certa possa se esquentar

E quem sabe? vai ver que o pouco que ainda resta
dê pra animar uma festa ou me sustentar
é que ando brincando de paixão sozinho
e precisando de carinho
nosso almoço predileto eu posso um dia esquentar

E te chamar pra dividir uma refeição
chupar o mesmo macarrão
cada um pega a metade
que é pra disfarçar a vontade que eu tenho de te beijar

É que ando brincando de carinho com a solidão
mas brincar sozinho não tem graça não
e mesmo que você diga que não tem mais vontade
Eu vi que tens o mesmo endereço da minha saudade
é que ela se mudou quando foste embora
naquela exata hora eu pude perceber
que quando nos separamos
a solidão ficou comigo
e a saudade com você
 

A senhorinha

Eu deixei a porta aberta
tua roupa passada
teu terno engomado
teu café na cama
meu batom no seu pescoço
que é pra te causar alvorço
e tu me forrar com teu corpo
no meio dos lençóis

Tu com essa cara de sono
teu sorriso manso
de homem apaixonado
Eu a mulher sortuda
que agradece a deus por te ter do meu lado

Quando falo baixinho no telefone
sussurro outro nome pra te provocar
mas a verdade é que de longe
de olhos fechados eu posso gritar
com toda certeza que outro nome algum eu vou amar

E então te vais ao trabalho com o terno engomado
e me manda um tchau assim meio de longe
E eu fico assim toda abobada, procurando em meio o nada
alguém preu gritar: aquele é meu homem

E quando vês na tv quem julgas ser um homem mais bonito
Eu quase não acredito
E inda por cima insisto
que mesmo ele calçando a perfeição
até com uma faca na mão eu grito
Sem sombras de dúvida,tu és o homem mais bonito

Cachorro vadio

Ando me amando demais
meus pedaços partidos de ti em desilusão
ando andando sozinho
largando pelos caminhos
gotas transbordadas de solidão

Quando me pedem sorrisos
me cobram afagos
ou qualquer coisa então
eu permaneço calado
sorrio e disfarço o meu não querer

Meus braços se abraçam sozinhos
Fazendo meus próprios carinhos
Transbordo poesia sem dona
Faço rimas cafonas
Pensando em ninguém

Na rua passa um cão vadio
Babando com a língua pra fora
Já não sei mais essa hora
Se as pulgas querem ele ou a mim
É que tal qual o cachorro
Atrás do teu carro eu corro
Sem saber o que fazer se o alcançar

Então como cachorro na rua , meu bem não engano ninguém
Todas as minhas rimas eram suas, e pra dizer a verdade,essa também.

Folha branca

Com os olhos de solidão
engulo o nosso retrato
maltrato as dores no peito
com um cigarro barato
e abro a porta de casa,
Pr'um outro alguém entrar

Tropeço nos becos claros
a rua sempre se estreita
meu olhar só se ajeita
pra te ver passar

Tu que és toda perfeita
mas que no fundo não se ajeita
e me faz tentar te consertar
tu que és toda linda
mas no fundo de amor és faminta
e eu não consigo te sustentar

Com os olhos famintos de tudo
feito ator de filme mudo eu me ponho a atuar
A dizer que não te quero
nem nada de ti espero
mas tu sabes que no fundo então estou
com uma placa cravada no peito
sangrando em uma folha branca
"volte por favor amor"

Prato do dia

Vem, meu bem que o prato vai esfriar
eu sei, também que você não mais está
mas se quiser passar aqui
eu vou te esperar,
pra poder contar
as besteiras do meu cotidiano
te dar a mão e um beijo no seu rosto
morder o seu pescoço
e então te marcar de mim

Vem, meu bem que a janta ja ta pronta
a noite se apronta pra sair
com jóias no pescoço
estrelas no seu rosto
que eu batizei de olhar
só pra te enxergar
e então poder dizer
que vai amanhecer uma outra hora
não há tempo melhor que agora
o silêncio lá fora me lembrou
de ouvir a sua voz

Vem, meu bem que eu estou aqui
sozinho no meu quarto
na porta ninguém bate
o cachorro já não late pra avisar
que você chegou, e a janta já esfriou
meu coração tava no prato
que você deixou de lado e abandonou

Multiversos e física quântica.

A realidade sempre tão distante de teus olhos
Fez de mim um caçador de sonhos
A realidade paralela de teus lábios
Fez de mim fogo no inverno
A realidade tão infinita do teu corpo
Fez de mim sopro de sonho no espaço, estrela.

A realidade tão concreta da tua voz
Fez de meus ouvidos receptáculo sacro
de suas orações.
A realidade tão movimentada dos teus passos
Fez de mim um palhaço tentando te acompanhar
A realidade é que nesse espaço
longe das minhas suas mãos estão
A realidade é que já houve um tempo
em que teu olhar refletia o meu
A realidade nua e crua
É que tudo é relativo.Sem exceção.

pequena descriçao do blog

a arte com palavras tem que ser intensa, mas ao mesmo tempo sádica, mentirosa mas sagaz, gosto de ter as palavras sobre controle e brincar com las, quanto menos tempo eu gastar compondo um poema, melhor pois soa espontâneo, isso é arte
isso é minha arte